10 de marzo de 2024

Pobres Criaturas

Há algo em comum entre Anatomia de uma Queda e Pobres Criaturas - uma personagem que nasce esfacelada em termos emocionais ou físicos e que se torna aos poucos em um exemplo de empoderamento feminino. Um final soberbo dentro de um filme irregular que está mais para drama do que comédia. E que apesar de seus defeitos (excesso estilístico, maneirismos, estereótipos...) traz ar fresco e inteligência para um público que lota os cinemas e que está mais acostumado à mediocridade, violência e riso fácil das produções de uma Netflix.


25 de febrero de 2024

ANATOMIA DE UMA QUEDA | Trailer Oficial

Um filme que demanda muita atenção nos diálogos de tão bons que são. E talvez o principal de todos eles seja dentro do Tribunal. Quando o promotor tenta culpar a personagem Sandra por ter escrito no passado um livro sobre uma tentativa de assassinato. Tal a mediocridade do promotor e da plebe em geral quando falamos de ficção nos dias de hoje.
E cabe ressaltar a preciosidade da personagem principal. Uma mulher bissexual, que ao longo do filme se torna cada vez mais e mais masculina, empoderada, independente e bem sucedida. Tudo aquilo que a nossa sociedade machista abomina.


20 de febrero de 2024

Forestella - Despacito

Fiquei de queixo caído quando descobri uma Boy Band Coreana cantando uma música Latina em perfeito Espanhol.
A globalização precisa ter limites asap. Invadir o mercado asiático, europeu, norte-americano, árabe, etc. - no problem. Complicado é quando invadem o nosso tão amado mercado latino-americano. Uma terra de Deuses e Semideuses, que vão de uma Célia Cruz a uma Shakira nos dias de hoje, passando por Marc Anthony, Luis Miguel e JLo, entre tantos outros.

30 de enero de 2024

Cia. Teatro do Incêndio - ÁGUAS QUEIMAM NA ENCRUZILHADA

Um tour de force, uma saga contada em dois atos. A desgraça cotidiana dos explorados contada como se fosse o enredo de uma Escola de Samba.
Soluções cénicas que trazem dinamismo, aumentam a dramaticidade e nos jogam nas ruas do Bixiga.
E o final apoteótico que traz como ápice o desfile da Escola na avenida. Ato que perdoa tudo e traz de volta à vida aqueles que sucumbiram no caminho.
Teatro de primeira, feita por humildes batalhadores da arte popular e que merecem um sincero e emocionante abraço (e parabéns, é claro).


21 de enero de 2024

Death In Venice | Morte em Veneza (1971) - Luchino Visconti

Alquebrado e reprimido em seus sentimentos, Mr. Aschenbach caminha solitário pelas ruas escuras e sujas de Veneza. 
Parece a introdução de um conto de Fernando Sabino ou de Rubem Braga. 
Mas, na verdade, é o retrato de um trágico personagem num filme que se feito fosse hoje, seria apedrejado em praça pública pelos fiscais da moralidade alheia. 
Para os fervorosos membros das patrulhas ideológicas, fieis representantes da Revolução Cultural Chinesa, um velho e decadente compositor não pode apaixonar-se pela beleza física de um adolescente. 
Para eles e para as novas gerações, que adoram cagar regras a torto e direito - a paixão só é valida se compartilhada entre similares. Aquilo que foge aos padrões - merece repúdio, desprezo e o famigerado cancelamento.



Madonna - Like A Prayer

Um clássico!!!

1 de enero de 2024

De imagens e espelhos (revisto atemporalmente ad eternun)


A qual imagem você se refere?
Ao meu rosto no espelho numa segunda de manhã?
Ou à refletida no vidro escuro de um shopping qualquer?

Espinha amarela, lábio rachado, 
uma pinta fora de lugar, 
 sangue na blusa, 
gordura localizada, riso idiota.

Sou tudo isso? 
Ou é apenas uma vaga e efémera ilusão?
E se não consigo saber algo tão simples, 
como tu queres que saiba teus segredos?

Por favor, descreve teu rosto,
descobre teu corpo,
pinta tua puta áurea imunda.


Preciso de uma pista. És covarde.
Tu me vês e num piscar de olhos
extrais o pouco que resta.

Cadê teu filho a chorar à beira da janela?
O tiro no meio da madrugada?
O lençol úmido pela chuva da manhã?

És ingrata mas o erro foi meu por querer me iludir.
E agora desapareço entre vidros quebrados e reflexos daquilo que fui algum dia.

Um fado, uma esmola.
A morte em suaves prestações mensais.
Do desamor ao desalento. 
Das perguntas difíceis às respostas complexas. 
Do dito pelo não dito. 
Cansei. Nada me atrai. Nada me fascina. E mais um ano que termina.
¡VE CON DIOS!








Penúltima publicação - 30/12/21

24 de diciembre de 2023

NAPOLEÃO | Ou o Waterloo de Ridley Scott

Nem a tão comentada cena da batalha no gelo é tão boa como a batalha também no gelo de King Arthur   de Antoine Fuqua.



Preleção e Mundo Coporativo #Fluminense #Futebol

Preleção no esporte é algo bonito de se ver. Mas o patriotismo, virilidade e o espírito competitivo - não bastam para ganhar o jogo. É como se fizéssemos um plano de ação, contando apenas com a compreensão e boa vontade dos nossos clientes. Pois sem recursos, planejamento, liderança, integração entre as áreas e sem prever como o concorrente vai reagir, vai "jogar" - o sucesso, a vitória vão ficar apenas no discurso. hashtag

10 de diciembre de 2023

Traidor

«Por favor não me procura mais...»

Sábias palavras. Curtas e grossas. Que nem corte de canivete afiado em pedra-pomes.

Esperava mais de ela, mas a ingratidão é uma das características do ser humano mais subestimadas.

Tento entendê-la, usar da minha empatia. Pensar se ela agiria diferente se eu ainda servisse para algo.

Culpa?

Não. Sou levado por incertezas e atos não refletidos.

Impulso?

Veja bem, não sou de ferro.

E a beleza feminina é a única coisa que nos salva neste mundo tão cheio de guerras e atrocidades.

É tanta besteira que me sinto como um Bukowsky tupiniquim. Mas diferente do Deus beatnik - não aguento mais beber nem transar.

A vida me traz lembranças de uma certa noite em São Gabriel. Onde o frio era tão intenso que tentava dormir  de meias e com botas.

Não sou o mesmo. Nem sei mais escrever direito. Estou longe daquele garoto que tinha tanta raiva dentro de si. Que escrevia horas sem parar, apenas reclamando da vida, das mulheres e do cotidiano.

Se alguém viesse me perguntar o que houve para parar de escrever, diria apenas que a culpa é de anos e anos de antidepressivos, tratamentos ineficientes e choques no hemisfério esquerdo. 

Drogas e drogas sem parar.

Ou talvez seja tudo fruto de tanta bebedeira inconsequente. De garrafões de vinho barato, cachaças de má índole e vodcas que lembram mais desinfetantes hospitalares.

Acredito ter dito tudo isso no passado, quando ainda tinha vontade de viver e aproveitar da vida. De querer curtir o momento como se fosse o último. De viver intensamente que nem propaganda de refrigerante.

Tornei-me obsoleto, velho. 

Vi esse dias uma peça de Gerald Thomas. E fiquei pensando de como a arte pode ser usada para enganar os desavisados. 

Cadê a insurgência do passado, a virulência, a raiva e a contestação?

Tudo ficou pra trás. Tudo virou enfadonho, repetitivo e usa e abusa de uma verborragia que não passa de frases feitas e lugares comuns.

Mas voltando ao começo, como diria o professor que perdeu suas fichas e não sabe mais o que falar na frente de imberbes e idiotas em plena década de 80.

Ela disse para deixa-la em paz, caso contrário procuraria as autoridades. Pois bem, ou ela é muito ingênua ou foi contaminada até o mais recôndito neurônio com o discurso hipócrita do Me Too.

O que me incomoda no Me Too? A hipocrisia que condena o abuso sexual mas faz vista grossa à indústria do espetáculo que usa meninas hipersexualizadas para gerar mais e mais lucro.

Torpes! Torpe vem de torpor. Homem que vive alienado e é presa fácil de coachers, políticos de direita e meninas interesseiras. São do tipo que vestem a camisa da empresa, se orgulham do trabalho, mas que na primeira oportunidade - são dispensados que nem lixo.

Esquece. 

Esquece que estou a escrever palavras desconexas. Que estou a me desiludir mais uma vez com suas palavras. 

Sou tão carente que qualquer sorriso feminino e bonito me faz sonhar acordado.

Você já viu o sorriso de uma mulher bonita hoje?

Ando pelas ruas, parques, gramas, cascalho e terra vermelha. Não acho ninguém. Não vejo ninguém.

É de noite agora e vou ao Lanterna para ver se encontro alguém. Mas não. Nenhum amigo, colega, conhecido ou desafeto. E muito menos um sorriso bonito. Uma dentadura branca e perfeita. Uma sobrancelha escura e bem delineada. Tudo naturalmente finalizado com os olhos claros e cabelos loiros de quem tem um pé nas Europas.

Não há sotaque, língua ou idioma que supere a palavra "SAUDADE". 

Já o disse o William Hurt numa entrega de Óscar qualquer.

Vem aqui. Pula na minha cama. Fala o que tu tens a falar e sai de fininho.

Apaga a luz, desliga o gás, deixa a chave embaixo do tapete e some.

O ônibus passa tão rápido quem nem me vê no ponto. Perco o último transporte público que me faria sair daqui. De uma Barcelona que pouco conheço mas muito admiro. 

E não há mais ninguém a me trazer alento. Um sopro de vida. Enxugar as minhas lágrimas e me fazer brevemente feliz.

Você gosta de mim ou algo assim?

Seja sincera. Não adianta falar que estamos juntos há milhares de anos. 

Ficar junto não é amar - já dizia o poeta.

Morrígan, a Grande Rainha, pouco ou nada sabe das minhas desventuras. Do meu passado, das minhas aflições e angustias. Porque caso soubesse estaria a contemplar o meu fim sem esse irônico sorriso no rosto.

Quero morrer, morrer mil vezes e trocar o dito pelo não dito em suaves prestações mensais.




































Nota do Autor: Trata-se de um texto de ficção. Nada ou quase nada tem a ver com a mais pura e crua realidade.

28 de noviembre de 2023

Shameless

Porrada na veia, no saco, no nariz e no cu do bêbado. Nada de Me Too, lembrando que a primeira temporada fez a sua estreia em 2011.
Seriado que honra o melhor de tudo aquilo que um bom seriado precisa ter. Sem papas na língua, drama, comédia, sexo, drogas e mais drogas e muito rock & roll, realidade nua, crua e sem esperança. Lindo elenco. Prêmios e mais prêmios. Se você não assistiu ainda, as 11 temporadas estão disponíveis na HBO.

“The only way for poor people to get a lot of money is to steal or cheat.  These are the rules, but if they change, please let me know.” Lip