Alquebrado e reprimido em seus sentimentos, Mr. Aschenbach caminha solitário pelas ruas escuras e sujas de Veneza.
Parece a introdução de um conto de Fernando Sabino ou de Rubem Braga.
Mas, na verdade, é o retrato de um trágico personagem num filme que se feito fosse hoje, seria apedrejado em praça pública pelos fiscais da moralidade alheia.
Para os fervorosos membros das patrulhas ideológicas, fieis representantes da Revolução Cultural Chinesa, um velho e decadente compositor não pode apaixonar-se pela beleza física de um adolescente.
Para eles e para as novas gerações, que adoram cagar regras a torto e direito - a paixão só é valida se compartilhada entre similares. Aquilo que foge aos padrões - merece repúdio, desprezo e o famigerado cancelamento.