16 de abril de 2024

Brinquedo (juguete roto)

♫♫♫ Das poucas coisas que eu sei 

uma delas é que você me fez de brinquedo.

Pois aquele beijo não dado saudades deixou.

E se agora somos apenas colegas

é porque você nunca acreditou.

Quantas vezes conversamos, 

quantos emails trocamos, 

não suporto mais esconder que ainda te amo.

Chega aqui e me derruba,

me engana,

Usa e abusa em suaves prestações mensais. 

Tenho pecados que você não perdoa. 

Tenho pensamentos que você ignora.

Chega aqui e me faz de brinquedo.

Melhor viver assim 

do que viver sem sossego ♫♫♫



7 de abril de 2024

Rio de Setembro - MPB


A letra foi de um sonho que tive, vendo a minha amiga Elizah interpretar  uma música ainda não gravada formalmente 
(foi logo depois de ter viajado
pro Rio de Janeiro em setembro 2006).
Elizah depois intercedeu junto ao Marco Antônio de Almeida - músico carioca - que compôs a música e mexeu na letra, mas manteve o mesmo clima. 

Rio de Setembro

1ª versão

Às vezes quando vou pro Rio

demoro horas e horas para juntar todo

o lixo do Leblon.

São garrafas, balas e velhos dobrões.

Guitarras histéricas

ao lado de pessoas que

param o meu andar,

oferecendo desenhos, poemas

e fotos de ocasião.

Sou solidário e não reclamo.

Vejo uma ruiva, jogando bola

e velhos pensam em xadrez.

Os homens são assim

sonham com eles mesmos

enquanto a cidade

vive de ilusão.

Sou feliz, sinto o cheiro do mar,

a luz verde da cidade e o choro de emoção.

Ao lado de um mendigo adormecido na Lagoa, na Lagoa.


2ª versão

Às vezes quando vou pro Rio

demoro horas e horas para juntar todo

o lixo do Leblon.

São velhos dobrões.

garrafas, balas e guitarras histéricas

ao lado de pessoas que

param o meu andar,

oferecendo poemas

desenhos e fotos de ocasião.

Sou solidário e não reclamo,

pois vejo uma ruiva, jogando bola

e velhos pensando em xadrez.

Os homens são assim

sonham com eles mesmos

e pensam estar felizes

enquanto a cidade

vive de ilusão.

Sinto o cheiro do mar,

a luz verde da cidade e o choro de emoção

ao lado de um mendigo adormecido na Lagoa, na Lagoa.


PUBLICADO INICIALMENTE EM 2006

29 de marzo de 2024

Linha 45 A

É bem provável que inadvertidamente tenha feito aniversário. Aniversário de sei lá quantos anos de andar dentro de um ônibus. Dentro e fora dele. Foram anos e anos de viver espremido e de encolher ao máximo, de sufocar, de passa mal, de encoxar, de ser furtado, vilipendiado e de ter perdido o momento certo para descer. 

Anos e anos de ver mulheres bonitas, saias lindas, decotes estonteantes, gente brigando, motorista apanhando e lágrimas mal disfarçadas. 

De dormir, de ficar acordado, de conversas vazias e paisagens repetitivas.

O aperto dentro de um ônibus lotado - apos anos a fio - continua o mesmo. Talvez tenha mudado o tamanho do ônibus, a largura do corredor, a dureza dos bancos, mas a experiência em si continua imutável.

Esperar longos minutos, às vezes por horas, a chegada de um ônibus é degradante. E com chuva, tudo se torna mais depressivo. Mas o pior é quando o motorista passa direto, te ignora, te abandona, te esquece. A sensação que fica é de frustração e tristeza. Você se torna um ser minúsculo, deixado ao relento entre inúmeras pessoas raivosas.

E quando não há o dinheiro suficiente para pagar a passagem e você é obrigado a pedir para descer pela porta da frente? O motorista te olha com uma mistura de desprezo e indignação. Mas como assim? Você ousou subir no meu ônibus sem ter dinheiro para pagar a passagem??!! Vai, desce logo folgado de merda!!

(Motorista, por favor fique atento para que o meu filhinho não passe do ponto. Ele é uma criança tímida, insegura, medrosa e inexperiente. É a primeira vez que anda de ônibus sozinho e, provavelmente, não vai lembrar onde descer quando chegar na cidade. Muito obrigado seu motorista!!)

E assim vai a vida, entre um ônibus e outro, entre subidas e descidas, paradas e chacoalhadas. Quedas e arrependimentos. Xingamentos e bençãos. O ônibus da linha 45 A está vindo aí e preciso parar de escrever.



10 de marzo de 2024

Pobres Criaturas

Há algo em comum entre Anatomia de uma Queda e Pobres Criaturas - uma personagem que nasce esfacelada em termos emocionais ou físicos e que se torna aos poucos em um exemplo de empoderamento feminino. Um final soberbo dentro de um filme irregular que está mais para drama do que comédia. E que apesar de seus defeitos (excesso estilístico, maneirismos, estereótipos...) traz ar fresco e inteligência para um público que lota os cinemas e que está mais acostumado à mediocridade, violência e riso fácil das produções de uma Netflix.


25 de febrero de 2024

ANATOMIA DE UMA QUEDA | Trailer Oficial

Um filme que demanda muita atenção nos diálogos de tão bons que são. E talvez o principal de todos eles seja dentro do Tribunal. Quando o promotor tenta culpar a personagem Sandra por ter escrito no passado um livro sobre uma tentativa de assassinato. Tal a mediocridade do promotor e da plebe em geral quando falamos de ficção nos dias de hoje.
E cabe ressaltar a preciosidade da personagem principal. Uma mulher bissexual, que ao longo do filme se torna cada vez mais e mais masculina, empoderada, independente e bem sucedida. Tudo aquilo que a nossa sociedade machista abomina.


20 de febrero de 2024

Forestella - Despacito

Fiquei de queixo caído quando descobri uma Boy Band Coreana cantando uma música Latina em perfeito Espanhol.
A globalização precisa ter limites asap. Invadir o mercado asiático, europeu, norte-americano, árabe, etc. - no problem. Complicado é quando invadem o nosso tão amado mercado latino-americano. Uma terra de Deuses e Semideuses, que vão de uma Célia Cruz a uma Shakira nos dias de hoje, passando por Marc Anthony, Luis Miguel e JLo, entre tantos outros.

30 de enero de 2024

Cia. Teatro do Incêndio - ÁGUAS QUEIMAM NA ENCRUZILHADA

Um tour de force, uma saga contada em dois atos. A desgraça cotidiana dos explorados contada como se fosse o enredo de uma Escola de Samba.
Soluções cénicas que trazem dinamismo, aumentam a dramaticidade e nos jogam nas ruas do Bixiga.
E o final apoteótico que traz como ápice o desfile da Escola na avenida. Ato que perdoa tudo e traz de volta à vida aqueles que sucumbiram no caminho.
Teatro de primeira, feita por humildes batalhadores da arte popular e que merecem um sincero e emocionante abraço (e parabéns, é claro).


21 de enero de 2024

Death In Venice | Morte em Veneza (1971) - Luchino Visconti

Alquebrado e reprimido em seus sentimentos, Mr. Aschenbach caminha solitário pelas ruas escuras e sujas de Veneza. 
Parece a introdução de um conto de Fernando Sabino ou de Rubem Braga. 
Mas, na verdade, é o retrato de um trágico personagem num filme que se feito fosse hoje, seria apedrejado em praça pública pelos fiscais da moralidade alheia. 
Para os fervorosos membros das patrulhas ideológicas, fieis representantes da Revolução Cultural Chinesa, um velho e decadente compositor não pode apaixonar-se pela beleza física de um adolescente. 
Para eles e para as novas gerações, que adoram cagar regras a torto e direito - a paixão só é valida se compartilhada entre similares. Aquilo que foge aos padrões - merece repúdio, desprezo e o famigerado cancelamento.



Madonna - Like A Prayer

Um clássico!!!

1 de enero de 2024

De imagens e espelhos (revisto atemporalmente ad eternun)


A qual imagem você se refere?
Ao meu rosto no espelho numa segunda de manhã?
Ou à refletida no vidro escuro de um shopping qualquer?

Espinha amarela, lábio rachado, 
uma pinta fora de lugar, 
 sangue na blusa, 
gordura localizada, riso idiota.

Sou tudo isso? 
Ou é apenas uma vaga e efémera ilusão?
E se não consigo saber algo tão simples, 
como tu queres que saiba teus segredos?

Por favor, descreve teu rosto,
descobre teu corpo,
pinta tua puta áurea imunda.


Preciso de uma pista. És covarde.
Tu me vês e num piscar de olhos
extrais o pouco que resta.

Cadê teu filho a chorar à beira da janela?
O tiro no meio da madrugada?
O lençol úmido pela chuva da manhã?

És ingrata mas o erro foi meu por querer me iludir.
E agora desapareço entre vidros quebrados e reflexos daquilo que fui algum dia.

Um fado, uma esmola.
A morte em suaves prestações mensais.
Do desamor ao desalento. 
Das perguntas difíceis às respostas complexas. 
Do dito pelo não dito. 
Cansei. Nada me atrai. Nada me fascina. E mais um ano que termina.
¡VE CON DIOS!








Penúltima publicação - 30/12/21