Queria te ver - um pouco, quase nada, talvez menos - nua.
Queria um - arrisco, belo, traiçoeiro - pássaro negro que me derruba-se na lama.
Queria voar - entre palavras, versos, beijos não dados - e voltar ao lugar de onde eu saí.
Queria morar - no meio da floresta, numa casa de pedras azuis, onde o pão é feito no forno que aquece e queima.
Queria morrer - morrer mil vezes e acordar com a sua mão segurando a minha e só.
Queria relações sinceras, sem riscos e mentiras. Como o suave aroma do chá preto numa branca, alva caneca esmaltada cheia de marcas e defeitos.
Sem remorsos, sem castigos.
Queria tomar banho de roupa, pedir perdão e chorar em silêncio.
Ouvir a sua voz gravada na penumbra, numa pequena fita K7 e esquecer por minutos o vazio, a falta de fascínio e o sorriso falso.
Queria a coragem de crescer e sentir menos.
Salve-se quem puder - é a vida.
E a vida não me cai bem.