3 de enero de 2021

Bridgerton x AmarElo

De como pautas e reinvindicações sociais são absorvidas pelo mainstream (leia-se Hollywood) e transformadas em produto a ser deglutido, consumido de forma mais palatável.
Numa sociedade abduzida pelo medo ao desconhecido, seja um vírus, uma doença fatal ou pela pandemia - nada melhor que produzir seriados (tal como Bridgerton) com donzelas às voltas com pretendentes apolíneos e o despertar do sexo sem esquecer do discurso feminista e antirracista, atraindo assim, uma maior gama de interesses (ou ingênuos).
Eis que entra um contraponto muito mais calcado na realidade cruel e diária das periferias. Onde o negro é relegado a um papel de simples figurante a lidar com a violência do sistema. AmarElo vai de encontro a tudo isso e resgata de forma competente a história de personagens negros que de uma forma ou outra contribuíram com a cultura popular, com a construção da cidade, com a identidade do ser Brasileiro.
Enfim,  não me causaria espanto se um novo seriado, um filme ou uma novela global trouxesse o assunto do Aborto à baila. Pois de todas pautas sociais, quer seja, o feminismo, racismo ou homossexualidade - apenas o aborto ainda continua um tabu. Um tabu como interdição social, cultural, o proibido.