I
Aviões são como torres negras que desabam num triz.
Intrépidos e cambaleantes.
Desafiam a gravidade.
Até o sol se pôr.
Seres espaciais assintomáticos e infelizes.
Que corroem por dentro.
Apanharam quando crianças.
Usam a agressividade
e choram
em silêncio.
II
Dulcineia megera
Teima em seduzir quem não merece
Corre atrás de cavalheiros de papelão.
E pretendentes mais sábios
perdem por esperar
insípidos e verborrágicos.
Pernas brancas
Pés de porcelana.
Uma carpa enfeita a coxa
em mil cores
e some
somem em triste despedida
como lágrimas
na chuva.
III
Aviões são como armas brancas.
Em mãos inábeis.
Cortam, machucam e só.