18 de febrero de 2017

O calor de 66 dias. #Carnaval (ou de Baladas e Sonhos Impossíveis)

Como esquecer aquele verão.
Definhando num calor infernal.
Sem chuva. Sem água.
Racionamento por dias intermináveis.
Sujo. Com sede.

Eis que o Carnaval acontece.
Pierrôs e Colombinas.
Descem a avenida.
Pessoas apinhadas.
Multidão exultante.
E vc surge.
Como Arlequim desorientado.
Com plumas e paetês nos lugares errados.
De biquinho, naquele corpo imenso.

Sei. Você veio me ver.
Mas não tenho mais vontade.
Quero fugir.
Viver apenas do passado.
Me deixa. 
Esquece, o que eu falei.
O email, a mensagem de voz.
A declaração de amor.

Hoje, é sábado.
Dá pra quem vc quiser.
Apaga a luz.
E lembra que o fácil dura pouco.
A chance acontece por segundos.
E se vc se perdeu no tempo.
Problema, seu.

O Lanterna abriu meia-noite
e começa a tocar "Não Chore Mais".
Resisto. Seguro ao máximo.
Procuro por alguém.
Não encontro.
Volto.
Medito.
E penso com meu botões.

Vc poderia ter sido 
o inferno
o calor que queima
a última fagulha
antes do cinza virar tudo.

Sonhos impossíveis.
Baladas diversas.
O álcool maldito
some com os neurônios.
A alma.