30 de julio de 2011

Livros X Celulares

Cada vez que adentro no metrô fico a observar os inúmeros passageiros que se aglutinam em massa rumo ao serviço, à escola ou afazeres diversos. E percebi que nos últimos anos, as pessoas costumam ler cada vez menos, sejam jornais, revistas e principalmente livros. Tudo foi substituído pelo bendito celular. Celulares de todos os tamanhos, marcas e modelos. Cada um ensimesmado, concentrado, com o olhar fixo na telinha do dito cujo. Pode ser falando, digitando uma mensagem, jogando uma bobagem qualquer ou, a maioria, navegando na internet. Aí me pergunto, o quê eles faziam antes da disseminação dos celulares? Conversavam, liam, trocavam olhares com a rapariga ao lado? Lembro que no passado era um hábito mais do que comum passar na banquinha da esquina, comprar o jornal de preferência e abri-lo dentro do ônibus, do metrô. Levar um bom livro embaixo do braço e curtir sua leitura entre uma estação e outra. Agora? Nada disso. Só sabemos de celulares e mais celulares. Mídias sociais que num supremo paradoxo nos afastam. Citando Walt Whitman, "Que pode haver de maior ou menor do que um toque?"  Ironia do destino, talvez nos dias de hoje, a resposta seja: um tweet, um toque no Facebook, um sms...E se o Cidadão Kane fosse refilmado - a cena do jantar onde o casal se afasta, se distancia - seria necessário trocar os jornais por um celular, um smartphone, um iPad. 
Longe de mim querer tripudiar com as mídias sociais. Tenho e participo de tudo um pouco. Acredito que elas vieram para ficar, pois servem para compartilhar os nossos anseios, brincar, demonstrar revolta, indignação e nos aglutinar em causas comuns. Só não concordo que "o meio" substitua o conteúdo
Provavelmente, seja um saudosismo besta. E se comecei a falar mal do celular, derivando numa lógica só minha, para terminar reclamando das mídias sociais, é porque a desilusão é uma só. Se a pessoas te magoam em carne e osso - farão o mesmo digitalmente falando. Sem pena e sem dó.