26 de junio de 2011

Meia-Noite em Paris

Antes tarde do que nunca. Há tempos que não ia ao cinema e isso pra quem já viu três filmes num dia só (na época que passeava por Porto Alegre), é triste, um sacrilégio pra qualquer cinéfilo de carteirinha.
Enfim, foi um prazer voltar ao escurinho do cinema pra assistir a mais um filme do Woody Allen. Mesmo que a história fosse ruim, a voluptuosa e fútil Rachel McAdams (uma Paola Oliveira dos States) e a sempre lindíssima Marion Cotillard valem o ingresso (desculpem o chavão).
Mas o filme não é nada ruim. Muito antes pelo contrário. É simples sem ser simplista. É criativo sem ser soberbo. É divertido sem ser piegas. É melancólico sem ser "cursi". E Paris é sempre Paris. 
Como Woody Allen apresenta a petulância norte-americana e seu gosto jeca - é bárbaro. Lembro quando o Bush Jr ofendeu a velha Europa. E agora temos um filme que faz uma linda homenagem à cidade - nada melhor que o tempo para apagar as besteiras do Destino Manifesto. 
E o que dizer da trama, do plot? A melhor frase é "...todo escritor é competitivo", dita por um Hemingway bêbado. E a volta ao passado como negação do presente guarda em si uma loucura contida. Um escapismo besta mas romântico. Quem não gostaria de voltar ao passado? Quem nunca achou que nasceu na época errada? Voltar no tempo e encontrar heróis da literatura, artistas geniais é uma sacada e tanto. É como dizer que a arte salva tudo. E que estamos vivenciando um mundo medíocre porque a arte é idem. Owen Wilson resume tudo quase no fim do filme - o nosso presente é imperfeito, mas é o presente e cabe a nós muda-lo.