1 de octubre de 2010

Comer, Rezar, Amar: filme para mocinhas casadoiras?

Nem sei se existe essa categoria na indústria do cinema, mas se não existir deveria de ser criada. Não li o livro, mas sei que foi um best seller no mundo todo. Logo, o livro deve ser uma colcha de clichês e o subproduto conseguiu ser mais açucarado ainda. E a Julia Roberts? Nunca esteve tão sem graça e feiosa até. Com um cabelo amarelo palha de deixar estarrecido qualquer cabeleireiro decente e o mesmo par de sandálias em todas as cenas (reparem que estou falando em questões bem femininas, do nível de uma revista Nova). Em resumo, não terminei de ver o filme. Parei na parte do "comer", do paralelo entre as ruínas de Roma e o vazio existencial da personagem. Um tédio só. Saí e entrei na sala ao lado, onde iria ter um filme para macho mesmo: Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme. Mas para a minha surpresa o filme - pasmem! - tratava também de relacionamentos frustrados. O relacionamento do pai com a filha, do genro com o sogro, do filho com a mãe, do corretor com o chefe, etc. Fui embora também? Não. Desta vez a abordagem era adulta, à altura de um diretor premiado como Oliver Stone. Aqui não é a procura do par perfeito que move o mundo. É a ganância, a cobiça, a ambição sem limites. Afinal, somos seres imperfeitos que buscam a felicidade e se para alguns - mais parvos e apedeutas - ela consiste em achar o príncipe encantado, beleza. Para outros - mais lúcidos, egoístas e iconoclastas - a felicidade está em ferrar com o próximo, ganhar dinheiro, comprar imóveis, fazer dívidas, passar férias em Paris ou ter um corpo sarado. A mim, simples e ingênuo mortal, só me resta lamentar. E vibrar com a cena final de um filme porreta ao som do sempre bem-vindo David Byrne.
P.S.: Reparem na importância de dois quadros, de um exterminado American Bison e da obra de Goya, Saturno devorando um dos seus filhos.