18 de febrero de 2017

#Carnaval em desespero (sete anos depois).



Pensei em me masturbar, mas acabei esquecendo. Tal o meu estado de espírito. Pensei na possibilidade de voltar ao passado e reviver o meu primeiro carnaval, mas as lembranças são vagas e misturam-se a outros carnavais, a fatos talvez apócrifos, a fantasias diversas e sonhos invertidos. Quem poderá garantir que aquele beijo proibido no Tênis Clube foi verdadeiro? Ou que a viagem a São Sebastião teve um final feliz? São tudo divagações. Enfim, o Carnaval é algo que me traz solidão por incrível que pareça. Cidade vazia, São Paulo abandonada. Sol e calor de terceiro mundo. Poesia que teima em terminar (já escrevi isso antes). Lembro de uma tentativa desesperada de encontrar os meus amigos no Carnaval de Santa Maria. Lembro de ter me vestido de branco e assistido ao desfile na Avenida Medianeira. E tomado de coragem convidei a uma colega de faculdade a sair comigo no dia seguinte. Foi ou parece que foi terrível. Bebi tanto que tiveram que me carregar até em casa. Longe muito longe. E o carnaval que passei fora do Brasil? Cadê a alegria contagiosa, o som dos tamborins? Escrevo, escrevo porque me acalma, mesmo que as palavras mintam. Mentiroso eu? Não cabe a mim julgar nem esperar perdão. Deleto tudo e apago falsas impressões.
Sim, te vi vestida como se fosse um baile dos anos 50 na tu webcam. E apesar de estar longe, teimo em dizer que me tens por perto. Um e-mail. Sim, um e-mail e ofensas diversas irão me recompor. Ver um filme na tele me trará razão. E o desespero guardado a sete chaves irá sumir na noite de sábado, domingo, segunda, terça e quarta. Quarta-feira de cinzas, alegorias e despedidas. Uma mulher me faz um sinal obsceno. Olha, me vê e foge. Embarco no primeiro avião em Campinas. E a vejo chorar por trás do vidro. Sinto pena dela e escrevo num guardanapo: Volta! Vem viver outra vez ao meu lado...