31 de agosto de 2007

História rápida de Bar I

Muitos pensam que a loucura é que nem sujeira. Bastaria lavar que sai tudo. Ledo engano. É só olhar o espelho toda manhã. Uma manhã nublada e triste por natureza. Vivo assim de hora em hora, de minuto em minuto.
Sou todo ouvidos neste bar imenso, cheio de casais, amigos, grupos, velhos, jovens e eu. Eu sozinho, ou melhor, com a cerveja e um copo na mão. Não há ninguém para me fazer companhia. Levei bolo, ou cano como muitos falam. E sinto dó de mim. Sou velho demais para essas coisas. Deveria desistir de tudo. Ficar em casa, sentado na poltrona do papai e assistir a um filme qualquer.
Sexta à noite, quem diria. Há duas semanas estava aqui no mesmo lugar. Só que desta vez acompanhado. Papo vem, papo vai acabei com ela a noite toda. Foi algo no mínimo estranho e diferente. Bem longe de casa. Peguei uma estrada que vai pra lugar nenhum e parei num posto escuro às 2 da manhã. Tentei convencê-la a ir para um lugar mais tranqüilo e seguro, se é que você me entende, mas não tive sucesso.Aconteceu ou “desaconteceu” tudo dentro do meu carro. Um lugar ridículo e apertado. Santo Deus! O quê que eu fiz? Só sei que ela ficava a cada momento, mais e mais excitada. Pobre de mim. A dor que senti na hora continua até hoje.
Deixa pra lá. Já foi, já passou. Continuo só ainda e queria mudar o meu status de solitário para acompanhado. Mas a noite não promete. Devo conformar-me e tomar mais uma breja? Sair daqui, pular fora. Partir pra outra, voltar para casa e assistir ao Corujão?
Sou um simples mortal e coube a mim, justo a mim, morrer por desespero e na mais definitiva dúvida. É a minha sina, o meu carma. Preciso fugir do samsara e procurar algo mais calmo, algo mais saudável, a paz interior, a iluminação ou como diz a música, ficar de cabeça erguida, o corpo ereto e o coração tranqüilo.
Foda-se! Moça traz mais uma, por favor, e uma porção de pastel de queijo, pode ser?
Eu me sinto só, quero morrer, morrer mil vezes e acordar, acordar com a tua mão segurando a minha. E só.