24 de mayo de 2020

As vantagens de ser invisível (David Bowie - Heroes)



"...This is happening. I am here and I am looking at her. And she is so beautiful. I can see it. This one moment when you know you're not a sad story. You are alive, and you stand up and see the lights on the buildings and everything that makes you wonder. And you're listening to that song and that drive with the people you love most in this world. And in this moment I swear, we are infinite."

23 de mayo de 2020

O Vazio (em tempos de pandemia e bolsonaro)











Prefiro o vazio.
Já dizia o torturador.
Sonhar é desprezar o óbvio.
Ler é fazer algo.
Morro culto mas de forma anônima.
A insensatez.

Ouço o latido da meia noite.
As buzinas das 7:30.
Horas que nunca terminam.
E o tempo se repete ad aeternum.
Defeito.

Permanecemos no nosso quadrado.
Quero interagir.
Mas nada me reconforta.
Nada mais me atrai.
Lembranças ruins.
Erros do passado. 
Contínuo à deriva.

Poderia concluir de forma sabida.
Repetir frases antigas.
Versos congelados.
E arrumar milhões de desculpas.
Para cada vítima.
Vergonha.

A razão nunca esteve comigo.
Nem dentro de mim.
Quando tudo irá terminar?
Ou seremos todos exterminados?
Paranoia.

17 de mayo de 2020

New Amsterdam (Globoplay)


Uma mistura de ER com House mas com pegada mais humana. 
Quer dizer, o lado humano, a empatia e a solidariedade se 
sobrepõem. Bela surpresa.

8 de mayo de 2020

Historinhas de Amor (no Dia das Mães)

Historinhas de Amor são como piadas bem contadas: refrescam a alma, levantam o astral, reconfortam o espírito.

Lembrei-me de uma delas assistindo o outro dia à TV paga. Era um documentário sobre a banda irlandesa U2 onde soube que numa turnê feita na década de 90, o guitarrista The Edge apaixonou-se pela bailarina de dança do ventre que participava de todas as apresentações.

Deve ter sido mais ou menos assim:

Um olhar tímido no início.

Uma troca de palavras no final do show:

 - Você esteve ótima!

 - Ah obrigada. E você toca muito bem.

Após duas ou três semanas, um almoço com o resto da banda e mais olhares sendo trocados. Um sorriso maroto. Um flerte inocente. Um beijo de despedida antes de irem todos para o respectivo quarto do Hotel, um leve toque no braço enquanto trocavam ideias no meio dos ensaios, etc, etc.

Assim as semanas foram se passando e eles viajando de cidade em cidade. Em vôos cansativos que iam de Dublim até Copenhague, de Amsterdã a Londres, de Berlin a Paris. E por último, Roma: Fãs enlouquecidos, lotação esgotada, o estádio tomado por jovens quase nus, com suor, luzes, cerveja, gritos de desespero e muito rock΄n΄roll.

E ao som intenso de “Misterious Ways”, a bailarina toda vestida a caráter, envolvida em longos véus de tons avermelhados faz a sua última apresentação perante uma multidão de olhares voltados em direção a ela. Era o fim de uma turnê bem sucedida.

Logo, a última noite que iriam conviver juntos. Era necessário que The Edge tomasse coragem e buscasse uma forma de falar a sós com ela antes da despedida.

Arrumar uma desculpa, um pretexto qualquer. Bater no quarto e disser, podemos nos ver de novo? Posso te ligar assim que chegar a Londres? Você se importaria em me dar o seu endereço em Nova York?

Bom, sei lá o quê que aconteceu. O que rolou de fato. Mas de concreto sei, ou melhor, todos sabem que eles se casaram após a turnê e agora têm dois lindos filhos.


Mudando o foco e voltando mais algumas décadas no tempo. Uns 60 anos talvez. Lembrei-me de outra Historinha de Amor. Algo mais pessoal. Pois bem, já adulto, fiquei sabendo alguns detalhes sobre o início de namoro entre os meus pais e para mim foi uma espécie de revelação, visto que pouco ou quase nada sabia sobre a história deles. Então tomei ciência que os dois se conheceram trabalhando próximos um do outro, ou melhor, em frente um do outro. A minha mãe vendendo frutas na feira livre e o meu pai atrás de um balcão numa loja de ferragens.

Todo dia, logo cedo, a minha mãe montava a sua banca em frente à loja dos meus tios onde o meu pai trabalhava. E todo dia às 9 horas, o meu pai chegava para abrir a loja. E aos poucos, iniciou-se uma relação mais próxima. Conversas curtas deram lugar a bate-papos mais amistosos.

Por exemplo, comentários sobre a previsão do tempo:

- Será que teremos Sol ou vai ficar o dia todo nublado? (na cidade de Lima é muito raro chover forte).

Foram substituídos por confidencias mais pessoais e intimas: a minha mãe separada e com dois filhos pequenos para cuidar. O meu pai com 50 anos e com uma família de sete irmãos quase todos solteiros e uma mãe de gênio forte e difícil.

Dia-a-dia, a relação intensificou-se. Os olhares já não eram tão inocentes. Havia cumplicidade, interesse mútuo. Com o meu pai comprando diariamente frutas da banca e aproveitando para brincar com os meus irmãos, levando-lhes sempre pequenas lembranças, um chocolate, um sorvete de inverno, uma maçã acaramelada, uma pipoca doce.

Mas a relação não foi bem vista pela família do meu pai. Os meus tios não tinham muitas posses, mas tinham orgulho do sobrenome, da reputação. Já imagino a minha avó dizendo:

- Como? Namorar com uma provinciana, separada e com dois filhos pra cuidar? Só se for por cima do meu cadáver!

Mas como a História não se cansa de provar, contrariar uma paixão não é e nunca foi uma boa estratégia. O meu pai mostrou convicção e firmeza de propósitos. E após discutir com a minha avó - deve ter sido num dia nublado após a hora do almoço com uma leve garoa a incomodar - foi em direção à banca. Escolheu a melhor fruta da estação – no verão as uvas italianas são mais do que deliciosas- e pediu para pesar e no momento de pagar, segurou a mão da minha mãe e pediu para saírem juntos naquela noite.

A minha mãe - fingindo-se de surpresa – retrucou:

- Mas e os meninos?

- Fique tranquila, disse o meu pai. Eles vêm juntos. Podemos ir à quermesse aqui do bairro onde tem um pequeno carrossel. Eles com certeza irão adorar.

E assim foi. Entre frutas e pregos. Entre olhares e sorrisos. Entre comentários maldosos, fofocas dos parentes e juras de amor eterno, os meus pais se casaram meses depois. E com o tempo nasceu uma menina e por último o caçula (todo estropiado no ventre da mãe, mas isso é uma outra história).

E agora estou aqui – com liberdade e fascínio pelas palavras- contando estas duas pequenas Historinhas de Amor.

 

Março de 2004.

Revisitado em 08/05/20.


2 de mayo de 2020

Sergio (Sergio Vieira de Mello) | De heróis e escolhas


É de se pensar quais são os critérios que um país usa para escolher os seus heróis. O Brasil, por exemplo, escolheu - até prova em contrário - o Airton Senna. Ou um Sérgio Moro para não ir muito longe. Sem falarmos dos jogadores de futebol transformados em super-homens: Pelé, Ronaldo, Ronaldinho ou o famigerado Neymar.

E aí que entra o filme Sérgio. Está longe de ser um primor de obra cinematográfica. E precisei adiantar algumas cenas açucaradas ou de sexo gratuito. 
Mas o que resta é o relato de um Brasileiro com B maiúsculo, mas que não se fantasia de verde -amarelo. E que merecia sim ser tratado como herói 
e a sua morte ser lembrada todo ano.

Mas isso tudo se estivéssemos num país ideal, mas estamos muito, muito longe disso.

"...subir ao céu, virar uma nuvem, e cair em forma de chuva, ficando para sempre na terra."

https://www.instagram.com/p/Bm_eLXqDqsk/?igshid=cdph707sz1b4


20 de abril de 2020

Mozart In The Jungle



Acamado no Hospital, tive o belo prazer de descobrir a riqueza de Mozart in the Jungle. E ciente de que o seriado tinha sido já cancelado pela Amazon, mesmo assim, decidi enfrentar suas 4 temporadas.

Há séries - na minha opinião - que não precisam de uma segunda temporada, ou pior, de uma terceira ou quarta (Hunters, Jack Ryan, Lucifer, Freud etc), mas MITJ precisava de uma quinta, com certeza. 

Tudo ficou no ar. E não há como alegar de que se trata de uma Obra Aberta. Seremos obrigados a usar a nossa imaginação e completar o percurso sofrido e de idas e voltas dos principais personagens. 
Uma pena, mas que não invalida em nada a primeira, segunda, terceira e quarta temporadas de Mozart in the Jungle. Talvez por ironia do destino, o seriado fique em nossa memória afetiva como uma espécie
de Réquiem (inacabado por Mozart). 

10 de marzo de 2020

Da Bolha Financeira, Heróis e outras paradas...

Agora que a bolha financeira estourou de vez é chegada a hora de ver se os heróis do mercado financeiro são heróis mesmo ou simplesmente não passam de figuras de papelão, capas de revista, best sellers ou são puro marketing. É fácil crescer astronomicamente durante a bonança. Difícil é se manter na crista da onda depois da tempestade.
E a imprensa adora criar e divulgar exemplos de sucesso individual e esquecem que muitos duram muito, muito pouco (Eike, Ghosn etc). 
A conferir.

8 de marzo de 2020

Hunters | Prime Video



Pastiche. Cópia mal feita dos filmes de Tarantino. Ouvi de tudo. Mas de fato o que não me agradou é 
o maniqueísmo que permeia o seriado como um todo. Judeus de um lado e Nazistas do outro. Sem falar que cada personagem tem uma história, uma origem super mal contada. Muitos cabos soltos, violência gratuita, excessos e verosimilhança zero.
Mas nada contra o seriado brincar com assunto tão sério e doloroso, pois a Arte não aceita ou não deve aceitar limites.

9 de febrero de 2020

Jojo Rabbit X 1918


De 1918 a 1939 o mundo deu uma reviravolta total e se 1a Guerra Mundial deveria de ser a última grande guerra foi - ao contrário - o caldo de cultivo da serpente do nazismo. A estupidez e tudo aquilo que temos de pior dentro de nós aflora na década de 40 e mata milhões. E aí que entra Jojo Rabbit para fazer um contraponto e uma sutil crítica aos extremismos e cultos de personalidades doentias. Um filme lindo, que emociona, faz chorar e merecia um Óscar por tentar derrubar os muros e paredes da intolerância...