27 de enero de 2019

Olavo de Carvalho, o cinéfilo (da época em que debatia pela internet)

Olavo de Carvalho, o cinéfilo.

por Amálgama (16/06/2009)


Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de filosofia. Escreve para diversos jornais e é fundador e editor-chefe de um site chamado Mídia sem Máscara. Mas não quero me alongar no quesito biografia, pois na net há uma página dedicada a isso. Acredito que seja um filósofo conceituado, e longe de mim querer discutir filosofia ou algo parecido (logo eu que achava a Caverna de Platão um desenho animado).

O quê me trouxe aqui foi um texto que ele escreveu na última sexta com o seguinte título “Obra-prima de vigarice“. Nele, o nosso ilustre literalmente bota fogo (desculpem o trocadilho) no filme Queimada, de Gillo Pontecorvo. Faz uma análise severa e crítica e descobre que, no fundo, o dito cujo é apenas um instrumento de propaganda marxista-comunista, e dentro de um contexto mais amplo detona também com (de acordo com ele) o segundo Neo-Realismo italiano.
É sempre bom tomar conhecimento daquilo que pensam os intelectuais conservadores. Afinal, para quem não sabe ainda, o site Mídia sem Máscara seria aproximadamente a antítese do site Vermelho do PC do B. E Olavo de Carvalho está mais à direita que o próprio PFL (hoje DEM) e Cia.
Mas vamos àquilo que interessa. Li o texto sobre o filme e constatei que certos profissionais não deveriam nem tentar dar palpite fora da sua área de atuação. Com raríssimas exceções, só sai bobagem.
Queimada não é um instrumento de propaganda e muito menos uma “verdadeira aula de interpretação marxista da história”. Creio eu que assim como há paranoicos na esquerda também os há à direita. Imaginar que tudo aquilo que não reza pela cartilha do capitalismo é vigarice ou simples invencionice, é loucura total.
A obra de arte independe da sua qualidade, é produto individual e/ou coletivo que se adapta ou não às convenções da época. E se quebrar os paradigmas, melhor. E cinema é nada mais, nada menos: ilusão. Tentar defenestrar um filme por que o seu roteiro não faz qualquer sentido, seria o fim da arte, da licença poética. Hitchcock já disse tudo aqui.
Vejamos então em que se baseia o professor Olavo para caluniar o finado Gillo Pontecorvo (1919-2006). Primeiro, alega que escravos sozinhos não poderiam montar uma revolução social. Logo, o roteiro do filme é fantasioso e historicamente falho. Segundo, “destruir pelo fogo a matéria-prima, os meios de produção e a quase totalidade da mão de obra disponível” seria motivo de linchamento de quem por ventura tivesse ordenado tal ato extremo e brutal. Quer dizer, Queimada é uma “farsa idiota, postiça até o desespero, composta por um pseudo-intelectual de meia idade para a deleitação masturbatória de jovens aspirantes a pseudo-intelectuais”. E por último, faz uma apologia do capitalismo por subsidiar e aplaudir tantos filmes anticapitalistas etc e tal. Em outras palavras, o sistema é perfeito, haja visto que permite e incentiva a sua própria crítica.

Eis o erro de analisar um filme pelo viés ideológico. Você não usufrui da obra nem ela te dá prazer. Seria como falar mal do Encouraçado Potemkin por ser pura propaganda comunista e esquecer da sua fotografia, dos planos, da montagem. Seria como ir ao cinema em busca dos erros de continuidade, dos furos no roteiro, da falta verossimilhança. 
Queimada é um excelente filme, não por ser de esquerda, e sim por nos provocar, nos instigar a tomar partido, nos causar emoções, nos fazer rir ou chorar. Ninguém saiu do cinema e virou marxista – afinal, como outro filósofo mais conceituado já escreveu antes: “Humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo”. E se Pontecorvo achou por bem ser maniqueísta e esquemático, é problema dele. Se ele leu muito Gramsci e achou correto falar mal das elites, azar do processo criativo.
Afinal, aí que redondamente se equivoca o professor Olavo: os capitalistas, os donos do poder e do dinheiro estão pouco se lixando se o filme vai falar mal deles ou não. O que importa é o retorno financeiro, o lucro. Ledo engano de quem acha que um filme, por melhor que seja, vai insuflar as massar e derrubar o sistema. O capitalismo se retro-alimenta da sua própria crítica, banaliza seus detratores e se torna mais forte e lucrativo. O professor Olavo pode dormir tranquilo, pois nenhum escravo irá perturbar seu sono. As correntes que o escravo carrega fazem barulho, mas as armas das elites falam mais alto. E tomara Deus que ele não invente de falar de um filme anterior do Gillo Pontecorvo… ou será que A Batalha de Argel foi também uma farsa?https://www.revistaamalgama.com.br/06/2009/olavo-de-carvalho-o-cinefilo/

Return of the Hero / Le Retour du héros (2018)

Uma delícia de filme com a MélanieLaurent surpreendente como atriz de comédia. 

19 de enero de 2019

Unknown Soldier – O Soldado Desconhecido (2017)



Há um certo estranhamento no início quando descobrimos o fato de estarmos a assistir um filme finlandês sobre a Segunda Guerra Mundial. Sensação que se dissipa aos poucos porque o filme te coloca de forma competente dentro de todo o contexto e sabe narrar sem reviravoltas mas grandes sacadas - anos de heroísmo e luta de uma pequena nação contra todo o império soviético.

29 de diciembre de 2018

A Man Without Fear Speech - Daredevil S03E13



Matt Murdock: [Speaking about Father Lantom] For me, personally, he spent many years trying to get me to face my own fears. To understand how they enslaved me, how they divided me from the people that I love. He counseled me to transcend my fears, to be brave enough to forgive... and see the possibilities of being a man without fear. That was his legacy. And now it's up to all of us to, uh, live up to it.

23 de diciembre de 2018

DAREDEVIL - Incrível plano sequência S02E03



Um plano sequência não tão em sequência. Mesmo assim de arrepiar. Lembra a cena do estádio de Segredo dos seu Olhos (que me perdoem os puristas de plantão).

16 de diciembre de 2018

O Método Kominsky | Netflix



Diálogos precisos e ácidos, bem ácidos (talvez forçados, mas dolorosos).

Excelente performance de ambos.

O quê mais dizer?

Ainda existe vida inteligente na TV (ou seria na Internet?).


9 de diciembre de 2018

O espelho no escuro

aviões são como pássaros negros 
que te invadem
em segredo
..............são como a vida vista do precipício
de mãos atadas e nariz fungando.......
.
.
.
.
.

entrementes
penso em você
como um ídolo de barro
de afazeres domésticos

destruindo seus dedos
famintos



                                  sinto a pressão nos ouvidos 
cegar
                                  o formigamento dos ossos
seduzir

mas cansei 
de te procurar entre tantas
que não merecem
um poema sequer

de ser um espelho no escuro
.
.
.
.
.
.

volto
às minhas origens

e penso
aqui com os meus botões

se vale a pena
viver

talvez


favor lembrar que sou um ser químico
cheirando mal
um super herói
às avessas
o tipo que faz promessas
de relacionamento sério
que manda 
flores
do campo
entre baratas
baratas doses de vodca. 

18 de noviembre de 2018

Medo de morrer - Miedo de morir

Medo de morrer não tenho não.
Medo tenho é de sofrer.
Porque sofrer mata
e isso dói.

Miedo de morir no tengo no.
Miedo tendo es de sufrir.
Por que sufrir mata.
Y eso duele.