30 de octubre de 2024

Entourage

Quem viu o seriado nos anos 2000 vai se surprender - negativamente - com o filme de 2015. Why? Por que um filme (baseado no seriado) sem as piadas homofóbicas, sexistas e o assédio moral do Ari Gold, perde totalmente a graça. Mas vai fazer o quê? O mundo mudou em 10 anos e bem mais em 20. Agora temos as patrulhas do politicamente correto e a cultura do cancelamento.
É por isso , que vale a pena ver (ou rever) o seriado que continua cáustico e divertido, povoado de mulheres lindas, participações especiais, muito ácool, drogas, sexo (anal, inclusive) e as loucuras e vida dura de trabalhar em Hollywood. 


20 de octubre de 2024

Morrison

«Por favor não me procura mais...»

Sábias palavras. Curtas e grossas. Que nem corte de canivete afiado em pedra-pomes.

Esperava mais de ela, mas a ingratidão é uma das características do ser humano mais subestimadas.

Tento entendê-la, usar da minha empatia. Pensar se ela agiria diferente se eu ainda servisse para algo.

Culpa?

Não. Sou levado por incertezas e atos não refletidos.

Impulso?

Veja bem, não sou de ferro.

E a beleza feminina é a única coisa que nos salva neste mundo tão cheio de guerras e atrocidades.

É tanta besteira que me sinto como um Bukowsky tupiniquim. Mas diferente do Deus beatnik - não aguento mais beber nem transar.

A vida me traz lembranças de uma certa noite. Onde o frio era tão intenso que fui dormir  de meias e com botas.

Não sou o mesmo. Nem sei mais escrever direito. Estou longe daquele garoto que tinha tanta raiva dentro de si. Que escrevia horas sem parar, apenas reclamando da vida, das mulheres e do cotidiano.

Se alguém viesse me perguntar o que houve para parar de escrever, diria apenas que a culpa é de anos e anos de antidepressivos, tratamentos ineficientes e choques no hemisfério esquerdo. 

Drogas e drogas sem parar.

Ou talvez seja tudo fruto de tanta bebedeira inconsequente. De garrafões de vinho barato, cachaças de má índole e vodcas que lembram mais desinfetantes hospitalares.

Acredito ter dito tudo isso no passado, quando ainda tinha vontade de viver e aproveitar da vida. De querer curtir o momento como se fosse o último. De viver intensamente que nem propaganda de refrigerante.

Tornei-me obsoleto, velho. 

Vi esse dias uma peça de Gerald Thomas. E fiquei pensando de como a arte pode ser usada para enganar os desavisados. Cadê a insurgência do passado, a virulência, a raiva e a contestação? Tudo ficou pra trás. Tudo virou enfadonho, repetitivo e usa e abusa de uma verborragia que não passa de frases feitas e lugares comuns.

Mas voltando ao começo, como diria o professor que perdeu suas fichas e não sabe mais o que falar na frente de imberbes e idiotas em plena década de 80. Ela disse para deixa-la em paz, caso contrário procuraria as autoridades. Pois bem, ou ela é muito ingênua ou foi contaminada até o mais recôndito neurônio com o discurso hipócrita do Me Too.

O que me incomoda no Me Too? A hipocrisia que condena o abuso sexual mas faz vista grossa à indústria do espetáculo que usa meninas hipersexualizadas para gerar mais e mais lucro.

Torpes! Torpe vem de torpor. Homem que vive alienado e é presa fácil de coachers, políticos de direita e meninas interesseiras. São do tipo que vestem a camisa da empresa, se orgulham do trabalho, mas que na primeira oportunidade - são dispensados que nem lixo.

Esquece. 

Esquece que estou a escrever palavras desconexas. Que estou a me desiludir mais uma vez com suas palavras. 

Sou tão carente que qualquer sorriso feminino me faz sonhar acordado.

Você já viu o sorriso de uma mulher bonita hoje? Ando pelas ruas, parques, gramas, cascalho e terra vermelha. Não acho ninguém. Não vejo ninguém.

É de noite agora e vou ao bar para ver se encontro alguém. Mas não. Nenhum amigo, colega, conhecido ou desafeto. E muito menos um sorriso bonito. Uma dentadura branca e perfeita. Uma sobrancelha escura e bem delineada. Tudo naturalmente finalizado com os olhos claros e cabelos loiros de quem tem um pé no RS.

Não há sotaque, língua ou idioma que supere a palavra "SAUDADE".  Já o disse o William Hurt numa entrega de Óscar qualquer.

Vem aqui. Pula na minha cama. Fala o que tu tens a falar e sai de fininho. Apaga a luz, desliga o gás, deixa a chave embaixo do tapete e some.

O ônibus passa tão rápido quem nem me vê no ponto. Perco o último transporte público que me faria sair daqui. De uma cidade que pouco conheço mas muito admiro. 

E não há mais ninguém a me trazer alento. Um sopro de vida. Enxugar as minhas lágrimas e me fazer brevemente feliz.

Você gosta de mim ou algo assim? Seja sincera. Não adianta falar que estamos juntos há milhares de anos. 

Ficar junto não é amar - já dizia o poeta.

Morrígan, a Grande Rainha, pouco ou nada sabe das minhas desventuras. Do meu passado, das minhas aflições e angústias. Porque caso soubesse estaria a contemplar o meu fim sem esse irônico sorriso no rosto.

Quero morrer, morrer mil vezes e trocar o dito pelo não dito em suaves prestações mensais.

Tédio. Nada mais de seduz, me atrai ou me consola.


































Nota do Autor: Trata-se de um texto de ficção. Nada ou quase nada tem a ver com a mais pura e crua realidade.

7 de septiembre de 2024

Industry Season 3 | HBO

Mais um seriado que a Max (HBO) não faz nenhuma questão de promover aqui no Brasil. Um seriado e tanto que poderia ser resumido em uma espécie de Succession da Geração Z. E se você estiver curioso, nem precisa assistir às duas sessões anteriores porque há um bom resumo do acontecido na abertura do primeiro episódio da 3a temporada. E "A day in the life of Rishi..." é um achado por mostrar a degração por causa do dinheiro (uma ilusão segundo o personagem).








*Destaque para Marisa Abela que mesmo não sendo um padrão de beleza, traz muita sensualidade ao seriado (e fez a Amy Winiwhouse recentemente no cinema).

22 de agosto de 2024

Pássaros Negros

Versão revista e atualizada.

Pássaros negros estão a circular o meu pobre cérebro imerso em cetamina.

Suddenly, um deles - macho ou fêmea, tanto faz - dá um rasante e me derruba.

Tento me levantar mas estou preso no lodo (cinza), na lava (vermelha), no nada (nada).

E agora estou aqui, entre milhares de almas dormidas. Entre incontáveis esperanças vazias, a pensar no meu fim.

 

14 de agosto de 2024

Andor / Disney+

Há seriado e seriados. A maioria muito ruins e com o sucesso do streaming é o que mais tem por aí. E também temos aqueles seriados que passam quase despercebidos, sem muita mídia e muito menos empolgação nas redes sociais. E Andor é um exemplo, um pequeno achado: bem dirigido, bem produzido, roteiro ótimo, atores excelentes (e Adria Arjona!) e efeitos muito acima da média - onde o episódio da Fuga da Prisão é quase perfeito. Sem eswquecer que é uma prequela de Rogue One e portanto de Star Wars (episódio IV).
Mas como concorrer com outros seriados badalados no Brasil? Talvez um dos motivos seja que o streaming da Disney ainda tenha uma pequena fatia de mercado. E para concorrer com uma Netflix ou Prime Video da vida é necessário muita, muita grana e investimento.



21 de junio de 2024

Nino Bravo / Un Beso y una Flor

 

Como passar o tempo numa viagem de 23 horas quando ainda não haviam smartphones? Ler um bom livro - OK. 

Mas às vezes uma boa leitura se torna um tanto cansativa. Aí que entra a imaginação e basta saber a letra e melodia de uma música para canta-la em pensamento e assim conseguir passar o tempo.

E Un Beso y Una Flor era a minha favorita por seus lindos e pungentes versos que falam em viajar longe de casa para tentar algo novo, algo melhor.

"De día viviré Pensando en tus sonrisasDe noche las estrellas me acompañaránSerás como una luz Que alumbre mi caminoMe voy pero te juro que mañana volveré.."

Nino Bravo teve uma morte trágica e infelizmente muito cedo (29 anos). Deixou tantos sucessos que se  vivo fosse com certeza seria maior do que um Roberto Carlos.

Saudades dessas longas viagens e de tantos sonhos a conquistar.


 

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17 de junio de 2024

Andrea Bocelli - Con Te Partirò - Solomia

Baita interpretação de um clássico!

O Meu Sentimento Hoje (20 anos depois tudo ficou pior)

























O meu sentimento hoje?
Vai bem, obrigado.
Pulando de galho em galho
que nem beija-flor aloprado.
Tal rio sem leito,
confuso, caudaloso e
oscilante.

O meu sentimento hoje?
Vive dengoso, carente e melancólico.
Com vontade de esconder-se
num cantinho escuro, quieto e
tiritante.

O meu sentimento hoje?
Está com medo.
Com um medo que o deixa
paralisado por tanto sofrimento e
estupidez galopante.

O meu sentimento hoje?
Continua inseguro.
Com lágrimas e soluços de menino bonito
postado na janela.
Continua indeciso,
pois não sabe
como terminar o poema
sem ser repetitivo, melodramático e
arrogante.

O meu sentimento hoje?
Pede paz, pede água, pede pão.
Pede um olhar de carinho,
um abraço terno,
dez centavos no bolso,
uma passagem de ida,
um amanhã menos frio, mais justo e
tolerante.



Originalmente escrito na década de 2000, talvez em 2004, durante a Oficina de Escrita do Lasar Segall. Revisto em 14/06/2020.

12 de junio de 2024

DIAS PERFEITOS - Win Wenders

 

Simplicidade. Apenas o simples, a rotina, o desapego e o encantamento importam. Foda-se o dinheiro, a competição e o status. Abandonar tudo isso, exige coragem e disciplina tal monge budista. Trocar o hedonismo, a superficialidade pela beleza nos pequenos atos. Não há desejo nem frustração porque queremos o simples, a rotina. Uma pequena obra prima a ser apreciada com a alma aberta a mudanças, tranquilidade, tolerância e muita empatia.