Depois de um início onde a câmera dá tantos rodopios que você fica com vontade de vomitar ou fazer algo pior - a história pra valer começa.
Personagens em busca da realização de um sonho (opa! Eu já vi esse filme antes), tanto faz, se é ser atriz de sucesso ou dono de um Bar dedicado ao Jazz de raiz - tanto faz. O importante é bater de cara contra a parede mais de uma vez, ver-se frustrado, mas com dinheiro no bolso, ver-se magoada mas com o namorado bacana que nos chama à razão.
Tudo tem uma solução. Tudo dá certo no fim. Pobres daqueles milhões que também tentaram mas terminaram seus dias como atendentes de telemarketing. A culpa é deles que não foram fundo, que não continuaram tentando, que desistiram antes da hora.
Mas como pedir algo mais realista para Hollywood? Se é para saber como somos fracassados e que nada tem solução - não há necessidade de ir ao cinema. Bastaria visitar qualquer viaduto em noite de chuva.
Enfim, o filme - apesar de todo esse escapismo e fantasia - é bom. Muito bom.
E falo pela forma como a história é contada, pela forma que o diretor tece as diversas situações e procura finais alternativos. Pelo soco no estomago, pelo cruzado de direita de trazer à baila as consequências de nossas escolhas. E se eu tivesse dado aquele beijo, se tivesse saído para dançar com aquela menina e se...
Somos aquilo que escolhemos ser. E lamentações à parte, nos tornamos a cada dia mais adultos quando tomamos uma decisão, conscientes ou não, estupidamente ou não.
Vejo olhares. Mulheres. Desespero. Fim de noite. Nenhuma paquera. Apenas Homens. Que desejam. Pensam. Em corpos. Em rostos. Em curvas. Elas. Ficam de lado. No escuro. Jogando conversa fora. Bebendo sozinhas. As pouco agraciadas. Que nasceram em berço. Infeliz. Sociedade. De castas. Não basta o dinheiro. Precisa o nariz arrebitado. As sobrancelhas perfeitas. Seios. Coxas. Bunda. A perfeição. Sofro por elas. Pedem ajuda. Uma esmola. Um toque. Uma palavra. Uma troca. Sentir-se amadas. Por aquilo que são/fazem. Fujo. Embaixo da saia da minha mãe. Sasha Grey me espera.
Das joias raras do Netflix. Aquele tipo de filme que você vê em cartaz em qualquer cinema de Shopping e sai correndo. Injusto, muito injusto. Cinema falado sem ser entediante. Atuações acima da média. O drama de quem escreve ou tenta...e o detalhe do chapéu...
Lembrei desse filme logo cedo pela manhã. As semelhanças são várias, tragicamente parecidas. O time, as cores, a cidade pequena. No fim, eles conseguem superar a desgraça coletiva, mas foi uma jornada e tanto.