29 de junio de 2013

Quer saber de mim?





Sou de lábios na cor e no tom mais discreto possível
com a pele alba e cheia de segredos
tatuagens a externar desejos
fantasias mal resolvidas
enredada em mil partituras
perdida entre tantas palavras.


Procuro ser minimalista 
em meus erros
mas não admito a escolha infeliz
teimo e sinto as consequências
de ser ou querer ser tão perfeita.


Corações despedaçados
cidades abandonadas
ruas em desalinho
e aguardo uma mensagem
um recado
um assobio.

Circulo entre a multidão
vejo policiais
me escondo entre pilastras
começa a correria
o gás entra pela minha boca
e vomito palavras.


Flores abandonadas na lixeira
chuva esparsa 
cinco graus negativos 
helicópteros caindo do céu
a terra aberta em mil pedaços
pouco importa.

Aos gritos
falo que não tenho 
medo de morrer
Eles não compreendem
Medo eu tenho é de sofrer - explico
porque isso é de matar.

Continuo a juntar o meu corpo
de overdose em overdose
em procissão.



Foto by Pedrosa Neto



Da janela lateral

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----------------- Milhares saíram às ruas a exigir mudanças
mas o pouco que tenho dentro - em nada mudou
pois continuo a sentir frio --------------------------------------------------

Foto by Mustafa Dedeoğlu

Julieta Venegas - Volver A Empezar

11 de junio de 2013

Movimento Passe Livre - São Paulo

Correndo o risco de perder o emprego e alguns seguidores, mas não há como fazer uma leitura reducionista dessas manifestações. Algo que começou na Europa, Chile e EUA, cedo ou tarde, chegaria ao Brasil. Algo de importante está a acontecer no país do futebol, do samba e das mulatas gostosas. E quem não quer enxergar isso, sofre do síndrome da avestruz. Ou os políticos reveem os seus conceitos ou serão atropelados pela força das ruas (jovens que utilizam muito bem a mídia e o mundo virtual, diga-se de passagem).


30 de mayo de 2013

Olhar furtivo

PODERIA morrer de overdose
em verdadeiras doses homeopáticas.
Em versos confusos 
regados ao mais puro álcool. 
Escrevendo por espasmos e
relembrando o meu passado com olhar furtivo 
desconfiada
infinitamente reticente
a assumir qualquer  erro.
Quer saber de mim? 
Sou de lábios na cor e no tom mais discreto possível
com a pele alba e cheia de segredos
tatuagens a externar desejos
sentimentos abafados
fantasias mal resolvidas.
Você pensa que sou frágil?
Ledo engano. Resisti e deixei tudo como era antes
não mexi em nada
mas te vejo ao longe a reclamar
que alguém mexeu na escrivaninha de caoba
na agenda repleta de fotos e poemas antigos
mas juro que em nada mexi
que nada li
apenas joguei fora o guardanapo onde estava escrito
que você voltaria para mim.