Liberdade para opinar, falar besteira e reclamar da vida (antigo ProviSório - como tudo que nos rodeia).
10 de julio de 2012
8 de julio de 2012
La Paloma
Tudo foi mal planejado. Sem um objetivo plausível
qualquer. Apenas baseado nos meus instintos e intuições.
E lá fui eu. Rumo ao oriente, no sentido leste da Terra. Em
direção à Europa. Destino final, Espanha. Refazendo o caminho dos ancestrais conquistadores.
E poderia inventar mil desculpas. Poderia justificar a viagem como uma
necessidade vital. Um desejo antigo. Uma fuga.
Nada disso. Fui atrás da beleza da mulher espanhola e de uma
garota em particular: Amparito Muñoz. Coisa de criança. Idiotice pura. Tudo por
causa de uma cena onde ela aparece nua no filme de Saura: “Mamá Cumple Cien
Años”.
E, de fato, poderia justificar a minha viagem, o custo, o
dinheiro emprestado com uma causa mais nobre, mas tudo não passou de um
capricho. Do mais puro capricho.
Mas um capricho que me saiu caro. Não necessariamente em
termos financeiros e sim emocionais. Pois foi em Madrid e Barcelona, que caiu a
ficha. Tava na hora de crescer e achar algum sentido na minha existência. Como
poderia me dar o luxo de estar de férias permanentes...
E foi lá, ao lado do mediterrâneo, que descobri que não tinha vocação para ser
um mártir. Por que eu deveria ser a palmatória do mundo? Por que não poderia
curtir apenas tais momentos e me deixar levar?
Sim, foi ao lado do mediterrâneo, que após tocar suas águas, resignei-me à minha
insignificância. Tolo, mui tolo. Um cara à beira da demência. Que ouvia num
pequeno rádio à pilha, a Rádio TV Espanhola. Ouvia Mozart e Bethoven. Música
clássica na sua essência, entre um soluço e outro.
Vivendo com o dinheiro contado, comendo pão, sardinha em
lata e uma laranja. Roubando nos supermercados para economizar uns trocados. E
chorando, chorando muito. Tentei escrever. Tentei justificar as minhas horas
vazias. Curtir o meu desgosto e a saudade. Saindo à noite a caminhar pelas
Ramblas, pelo bairro Gótico. Entrando em cinemas escuros pra matar o tempo e
descobrindo a obra-prima de David Lynch.
Deveria de ter continuado a escrever, virar roteirista, ser
um publicitário bem-sucedido. Procurar um emprego, ligar e comparecer na entrevista nos entornos de
Barcelona. Mas nada, nada fiz. Ficava deitado, ouvia música, lia, ouvia música
clássica e chorava.
Era tanto choro que o pessoal da pensão ficou com dó e me
convidou pra sair uma noite. Fomos numa
espécie de discoteca chamada La Paloma. Todos beberam, todos dançaram. Menos
eu. E do nada, veio uma menina local convidar-me a dançar. E eu disse não. Ela
ficou toda sem jeito. Mas como dizer para ela que além de não saber dançar, eu
era a quintessência da timidez? Ela afastou-se e até hoje me pergunto se eu tivesse aceito, o quê teria sido de mim? Teria ficado na Espanha? Teria dado um
jeito de prolongar o meu visto de turista?
Não sei. Só sei que fracassei em tudo. Não encontrei e
também não procurei Amparo Muñoz. Não terminei nenhuma história, nenhum conto,
muito menos uma peça de teatro. E não saí para dançar. Não me atrevi a dizer um
simples sim. E todos devem ter entendido o meu desplante como arrogância e só
eu sei que tudo não passava da mais pura vergonha.
Na volta de La Paloma, voltamos todos a pé pelas
ruas da capital catalã. E vejo ainda os anúncios coloridos d`El Corte Inglés. Lembro de como estava extasiado e desiludido.
Lembro que tinha perguntado, horas antes, a uma das minhas colegas de pensão,
uma norte-americana prá lá de interessante, se ela já tinha lido Rumo à Estação
Finlândia de Edmund Wilson. E ela respondeu, numa mistura de espanhol e inglês, que não,
que nunca tinha ouvido falar. Eu enfiei a minha viola no saco e fiquei quieto,
pois não conseguia compreender de como um dos maiores ensaístas
norte-americanos era um Zé Ninguém para alguns gringos.
E aqui estou eu, centenas de anos depois, a lamentar a minha
escolha. Comprei pra minha minha viagem de volta, uma garrafa de Jerez que todo
mundo detestou aqui em São Paulo. Voltei também com várias certezas e,
sinceramente, não lembro mais quais eram.
Talvez tenha sido melhor assim. Um viajante sem destino, que
não sabia aquilo que queria e que continua não o sabendo. Talvez os colegas
norte-americanos, talvez o tunisiano – que me fez uma espécie de panqueca antes
da minha partida– e talvez a menina espanhola, ainda lembrem de mim. E se perguntem de vez em quando, o quê terá
acontecido com aquele garoto cheio de espinhas, mezzo peruano-mezzo brasileiro,
que chorava todas as noites e que deixou um bilhete na pensão – bilíngue – na
esperança de alguém ligar, de alguém perguntar por ele.
E tal uma garrafa,
com uma mensagem dentro, continuo à deriva, pois nada mais me atrai, mais nada
me provoca...
6 de julio de 2012
Kristen Stewart (Marylou) - On the Road
Nunca imaginei a Marylou na pele de Kristen Stewart. Fica difícil não lembrar dela no papel de Bella na saga Twilight, mas pelos trailers, parece que a imagem de adolescente bobinha e deprê
foi deixada pra trás.
LA LUNA CAE
La luna cae y
- entre la neblina -
iré buscar y juntar sus pedazos blancos.
Y en la mañana de sol
un a un iré sembrarlos
dentro de mí delicadamente.
Y con el atardecer
agua, mucha agua iré beber
trago a trago
suave y tranquilamente.
Quien sabe
- con un poco de suerte -
crecerá una luna llena
pequeña y de blanco pudor.
Y llegada la noche
estaré listo
y así caer de la ventana.
5 de julio de 2012
Curintia e o preconceito de classe
Ontem à noite depois da vitória do #Timao, teve de tudo nas mídias socias. Mas algo em particular chamou a minha atenção. É o preconceito de classe que vaza na rede toda vez que alguém supostamente humilde ganha algo de significativo. E é o mesmo preconceito que surge toda vez que o Serra perde uma eleição.
É como se todo corinthiano fosse pobre e analfabeto. Criminoso e maloqueiro (e trata-se de uma falsa premissa, pois já vi numa escola de elite aqui em São Paulo mais corintiano do que a soma das outras torcidas). Despejamos toda a nossa raiva, neurose, paranoias e frustrações na torcida de um determinado time e perdemos qualquer noção de civilidade e bom senso. A nossa nação é dividida, sim. Mas não é pelo fato de termos inúmeras torcidas e sim porque apenas 1% da população possue 99% das riquezas do país. A nossa luta é (ou deveria de ser) contra as elites. E tanto faz se elas são São Paulinas, torcem pelo Palmeiras, o Grêmio, o Inter, o Mengo ou o próprio Corinthians.
É como se todo corinthiano fosse pobre e analfabeto. Criminoso e maloqueiro (e trata-se de uma falsa premissa, pois já vi numa escola de elite aqui em São Paulo mais corintiano do que a soma das outras torcidas). Despejamos toda a nossa raiva, neurose, paranoias e frustrações na torcida de um determinado time e perdemos qualquer noção de civilidade e bom senso. A nossa nação é dividida, sim. Mas não é pelo fato de termos inúmeras torcidas e sim porque apenas 1% da população possue 99% das riquezas do país. A nossa luta é (ou deveria de ser) contra as elites. E tanto faz se elas são São Paulinas, torcem pelo Palmeiras, o Grêmio, o Inter, o Mengo ou o próprio Corinthians.
3 de julio de 2012
On The Road Official Trailer (HD)
No aguardo da estreia do filme, descubro que o grande Caio Fernando Abreu teve - indiretamente - "culpa" pela tradução brasileira de On The Road. Um belo livro, intenso e dolorido. Uma mistura melancólica de O Céu Que Nos Protege e Coração das Trevas (mas tudo já foi dito sobre essa pequena obra-prima). Agora só resta esperar pelas imagens na tela grande.
2 de julio de 2012
Vamos calar o Boca? BomBril e o Corinthians
Todo mundo sabe que por trás do Garoto Bombril tem um corintiano roxo chamado Washington Olivetto (e com certeza, ele já fez coisas bem melhores do que este reclame). De qualquer forma, é um risco e tanto para o anunciante. Afinal, se o Corinthians perder (e vai perder!), o garoto propaganda vai virar piada em todas as esquinas e botecos de São Paulo. Já imagino as brincadeiras, "Corinthians, cem anos e mil e uma vezes sem Libertadores".
26 de junio de 2012
23 de junio de 2012
Carey Mulligan singing New York, New York in Shame
Recomendo. Um filme adulto. Intenso. Parece Cinema Argentino, tal a quantidade de cenas longas e depressivas.
Suscribirse a:
Entradas (Atom)