Natal lembra o cheiro de pólvora.
A pólvora queimada de tantos "cuetes".
Lembra os amigos de infância.
E os dedos perdidos.
Havia um colega na minha classe que vivia a esconder a mão direita.
Tinha vergonha da falta do indicador, do polegar.
Mas eu sou do tipo que não arrisca. Sempre tive medo de brincar com fogos mais potentes.
E me contentava na segura brincadeira de botar fogo em pequenas bombinhas vermelhas feitas no Oriente.
O máximo que me permitia, era botar fogo numa penca inteira.
E depois ficava quieto, observando de longe, o espipocar de pequenas luzes. O "bum" das explosões.
E havia toda uma técnica.
Que começava pelo cuidadoso desenrolar das pencas que vinham em pacotes compactos. Todos entrelaçados entre si. Sem esquecer da escolha do pavio que ajudava a economizar nos fósforos.
Natal - não era apenas o jantar em família, comer carne branca e tomar chocolate com panetone.
Era muito mais. Haviam os filmes na TV, as compras em ruas lotadas, os brinquedos de desejo, rever os primos distantes.
E o cheiro de pólvora - traz tudo isso à baila