21 de junio de 2020

Pedro Navaja - Jazz at Lincoln Center Orchestra - Rubén Blades



A pegada jassistica é de arrepiar. Uma pequena 
obra-prima. Lembro que havia um colega na Faculdade que só ouvia e falava dessa música. 
Como se fosse um ator a simular os dissabores de Pedro Navaja. A caminhar pelas ruas de Lima, aguardando um final trágico. Nunca mais o vi, nunca mais soube dele. Deve ter tido uma vida sofrida como muitos limeños pobres ou de classe média ou talvez esteja bem de vida. Vai saber, afinal: "La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida".

EL PRESO por FRUKO Y SUS TESOS - SALSA



Sinceramente, desconheço qualquer música brasileira que tenha a ousadia de fazer uma composição sobre um condenado. Independente disso, o gênero Salsa é de arrepiar. A saborosa mistura da percussão, piano e sopros é algo que só o Caribe e adjacências poderia produzir.


16 de junio de 2020

SHARP OBJECTS (2018)



Como história de suspense deixa a desejar (o final é muito forçado). Talvez o livro seja melhor. Lembra muito a 1a temporada de True Detective. The "Deep South"na sua essência: atrasada, conservadora e prestes a explodir.

15 de junio de 2020

Las Chicas de Miraflores (revisitado)

Lembro como se fosse ontem. Pouco mais de dezesseis anos e sentado no banco de uma praça em Miraflores. Mirava "las chicas" saindo da escola. Todas em lindos uniformes: blusa branca, saia xadrez e sapatos impecáveis (zapatos de charol). Pequenos objetos de desejo separados pelo imenso fosso das classe social. E mesmo sendo de pele branca, elas não teriam olhos para um visível morador da periferia de Lima. 
Talvez se fosse menos tímido, talvez. 
Poderia contar que já era um estudante universitário e que conseguia assistir a filmes para maiores de dezoito. Mas havia tanto desconforto dentro de mim que vivia a mentir sobre as minhas origens, idade e esconder o bairro onde morava. Frequentar a faculdade em idade tão terna era, por um lado, uma proeza e tanto. Por outro, não era fácil conviver com tanta diversidade, machismo e crueza.

Mas aqui entre nós, mudando de assunto, se você me permite, o vazio continua o mesmo. Se há imberbes que pensam que o Exército lhes tornou homens - da minha parte penso que foi o fato de saber observar, 
a distância do país natal e a ausência e/ou saudade - que me fez aquilo que sou hoje.

Soledad y Olvido, era os nomes das duas meninas que pararam e me convidaram a dançar na Paloma de Barcelona. No meio de tantos, elas escolheram por mim. E eu disse NÃO. 
Sou travado - já me disseram. E poderia até concordar se houvesse algo dentro de mim a ser solto, destravado, libertado...
Enfim, não passo de um doente mental. Um ser químico, cheirando mal.


Publicado originalmente em 24/8/13. 


14 de junio de 2020

O Meu Sentimento Hoje (revisitado)


































O meu sentimento hoje?
Vai bem, obrigado.
Pulando de galho em galho
que nem beija-flor aloprado.
Tal rio sem leito,
confuso, caudaloso e
oscilante.

O meu sentimento hoje?
Vive dengoso, carente e melancólico.
Com vontade de esconder-se
num cantinho escuro, quieto e
tiritante.

O meu sentimento hoje?
Está com medo.
Com um medo que o deixa
paralisado por tanto sofrimento e
estupidez galopante.

O meu sentimento hoje?
Continua inseguro.
Com lágrimas e soluços de menino bonito
postado na janela.
Continua indeciso,
pois não sabe
como terminar o poema
sem ser repetitivo, melodramático e
arrogante.

O meu sentimento hoje?
Pede paz, pede água, pede pão.
Pede um olhar de carinho,
um abraço terno,
dez centavos no bolso,
uma passagem de ida,
um amanhã menos frio, mais justo e
tolerante.



Originalmente escrito na década de 2000, talvez em 2005, durante a Oficina de Escrita do Lasar Segall.

6 de junio de 2020

Los pájaros negros del adiós (revisitado mais de mil vezes - 2009)



Pássaros negros circulam por cima da minha cabeça.
E um deles - após voo rasante - me derruba
no meio do lodo, no meio da lama, no meio do nada.
E agora estou aqui - entre milhares d’almas - 
a pensar no meu fim.

4 de junio de 2020

O Vazio II (versão compacta)


Prefiro o vazio.

Já dizia o torturador.

Sonhar é desprezar o óbvio.

Morro culto e de forma anônima.

Insensatez.

 

Ouço o latido da meia noite.

As buzinas das 7:30.

Horas que nunca terminam.

E o tempo se repete ad aeternum.

Defeito.

 

Poderia concluir de forma sabida.

Repetir frases antigas.

E arrumar milhões de desculpas.

Para cada vítima.

Vergonha.

 

A razão nunca esteve comigo.
Nem dentro de mim.

Quando tudo irá terminar?

Ou seremos todos exterminados?

Paranoia.


25 de mayo de 2020

A casa lilás no meio da floresta


A luminosidade do sol da tarde, que inundava apenas parte da floresta, envolvia com muita alegria, a pequena casa lilás.

E se não me falha a memória, o único movimento visível era a fumaça da velha chaminé (talvez fosse um pão sendo assado ou quem sabe uma torta de framboesa, tanto faz).

Havia também o trecho de um caminho feito todo de pedregulhos e que terminava bem na entrada da casa e era por ele que andava quase todo dia. Do café ao jantar, dia ou noite sem parar.

A casa lilás era o meu refúgio e o caminho era o meu túnel do tempo. E entre uma garfada e outra – e brigas e confusões – sempre dava um jeito de fugir sem ninguém perceber.

E de pedra em pedra, abria a porta e me escondia dentro, permanecendo junto ao calor do forno. Para sair, era só piscar duas vezes que voltava à mesa no meio do dia a dia familiar.

O quadro, a pintura modesta ficou por lá um bom tempo. Pendurada no meio da cozinha. Uma cozinha de paredes verdes, toda descascada e cheia de gotinhas de gordura.

03/10/2003

Revisado em 24/05/2020

24 de mayo de 2020

As vantagens de ser invisível (David Bowie - Heroes)



"...This is happening. I am here and I am looking at her. And she is so beautiful. I can see it. This one moment when you know you're not a sad story. You are alive, and you stand up and see the lights on the buildings and everything that makes you wonder. And you're listening to that song and that drive with the people you love most in this world. And in this moment I swear, we are infinite."