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1 de enero de 2024

De imagens e espelhos (revisto atemporalmente ad eternun)


A qual imagem você se refere?
Ao meu rosto no espelho numa segunda de manhã?
Ou à refletida no vidro escuro de um shopping qualquer?

Espinha amarela, lábio rachado, 
uma pinta fora de lugar, 
 sangue na blusa, 
gordura localizada, riso idiota.

Sou tudo isso? 
Ou é apenas uma vaga e efémera ilusão?
E se não consigo saber algo tão simples, 
como tu queres que saiba teus segredos?

Por favor, descreve teu rosto,
descobre teu corpo,
pinta tua puta áurea imunda.


Preciso de uma pista. És covarde.
Tu me vês e num piscar de olhos
extrais o pouco que resta.

Cadê teu filho a chorar à beira da janela?
O tiro no meio da madrugada?
O lençol úmido pela chuva da manhã?

És ingrata mas o erro foi meu por querer me iludir.
E agora desapareço entre vidros quebrados e reflexos daquilo que fui algum dia.

Um fado, uma esmola.
A morte em suaves prestações mensais.
Do desamor ao desalento. 
Das perguntas difíceis às respostas complexas. 
Do dito pelo não dito. 
Cansei. Nada me atrai. Nada me fascina. E mais um ano que termina.
¡VE CON DIOS!








Penúltima publicação - 30/12/21

13 de junio de 2022

14 de noviembre de 2021

Rio X São Paulo (publicado originalmente em Outubro 2012)

 

Rio de Setembro - 2006
Às vezes quando vou pro Rio
demoro horas e horas para juntar todo
o lixo do Leblon.
São velhos dobrões.
garrafas, balas e guitarras histéricas
ao lado de pessoas que
param o meu andar,
oferecendo poemas
desenhos e fotos de ocasião.
Sou solidário e não reclamo,
pois vejo uma ruiva, jogando bola
e velhos pensando em xadrez.
Os homens são assim
sonham com eles mesmos
e pensam estar felizes
enquanto a cidade
vive de ilusão.
Sinto o cheiro do mar,
a luz verde da cidade e o choro de emoção
ao lado de um mendigo adormecido na Lagoa, na Lagoa.



São Paulo é grande, mas o meu mundo é pequeno - 2012


Nada me atrai. Nada me cativa. Tudo me irrita. Tudo me incomoda. A traição. Medo de andar às escuras. A Paulista se retrai e esconde-se em bueiros e zonas de meretricio. O cheiro de cola do centro velho me afeta e me faz pensar em vozes. Vosmecê quer dar uma cheirada? Penso em Ricardo Piva e em seus monstros. Volto e a Rebouças continua congestionada. Sigo em frente. Passo pela Vila Madá. Encontro os bêbados de plantão sempre a comer nas latas de lixo reciclável. Nada vezes nada. Preciso trair tudo aquilo que acredito e surge do fim do dia. O cinza de desespero. A noite chega e me corta em pedaços. Sou coberto por asfalto. Sou recolhido. Vou parar no lixão e reencontro os velhos amigos. Prédios azulados me recebem e expulsam. Sou morador de rua e vejo princesas a labutar e correr atrás de carros importados. Vejo tatuagens ridículas a esconder os podres. Vejo cultura e simulacro. O espetáculo do deslumbre e pessoas enfeitiçadas em robes de seda. Volto a andar. Entro no metrô e pulo a catraca. Não há mais latidos nem lamentações - apenas o obvio, o esdruxulo, a proparoxítona, o ditongo crescente, a palavra mal feita, o beijo não dado, a lembrança da Haddock Lobo. O estrume do viaduto 9 de julho, a sujeira da capital, da metrópole. Medo de andar, medo da multidão, medo do trio elétrico. Não há mais esperança nem desejo. Nada me cativa, nada me atrai, nada me consome. Vejo duendes em cada jardim. Vejo cachorros famintos, ratos insones e sinto sua falta com a voz suave da mentira. Não há nada mais a ser feito. A fluoxetina corre solta em direção ao rio que não existe. O Tietê me aguarda e eu vou junto. A zona de exclusão, o cinturão verde, o pobre escritor que procura entender os poetas no Wikipedia. Sigo em frente, passo pelo Paraíso, atravesso a Liberdade e desembarco no Anhangabaú. Vomito no primeiro farol e esquento com as sirenes. Dou risada de mim mesmo. Patético. Corrói a minha alma ter certas lembranças. O silêncio se aproxima. Paredes altas crescem e limitam meu espaço. Corro, grito e entre lápides, decido pensar no amanhã. Creio que a Consolação está próxima e levanto para descer.
Foto by Bruno Wilck

19 de septiembre de 2021

Queria

Queria te ver - um pouco, quase nada, talvez menos - nua.

Queria um - arrisco, belo, traiçoeiro - pássaro negro que me derruba-se na lama.

Queria voar - entre palavras, versos, beijos não dados - e voltar ao lugar de onde eu saí.

Queria morar - no meio da floresta, numa casa de pedras azuis, onde o pão é feito no forno que aquece e queima.

Queria morrer - morrer mil vezes e acordar com a sua mão segurando a minha e só.

Queria relações sinceras, sem riscos e mentiras. Como o suave aroma do chá preto numa branca, alva caneca esmaltada cheia de marcas e defeitos.

Sem remorsos, sem castigos. 

Queria tomar banho de roupa, pedir perdão e chorar em silêncio. 

Ouvir a sua voz gravada na penumbra, numa pequena fita K7 e esquecer por minutos o vazio, a falta de fascínio e o sorriso falso.

Queria a coragem de crescer e sentir menos. 

Salve-se quem puder - é a vida. 

E a vida não me cai bem.



12 de septiembre de 2021

27 de febrero de 2021

São Paulo em Tempos de Bolsonaro Genocida e Pandemia

Nada me atrai. Nada me cativa. Tudo me irrita. Tudo me incomoda. A traição. Medo de andar às escuras. A Paulista se retrai e esconde-se em bueiros e zonas de meretrício. O cheiro de cola do centro velho me afeta e me faz pensar em vozes. Vosmecê quer dar uma cheirada? Penso em Ricardo Piva e em seus monstros. Volto e a Rebouças continua congestionada. Sigo em frente. Passo pela Vila Madá. Encontro os bêbados de plantão sempre a comer nas latas de lixo reciclável. Nada vezes nada. Preciso trair tudo aquilo que acredito e surge do fim do dia. O cinza de desespero. A noite chega e me corta em pedaços. Sou coberto por asfalto. Sou recolhido. Vou parar no lixão e reencontro os velhos amigos. Prédios azulados me recebem e expulsam. Sou morador de rua e vejo princesas de máscara a labutar e correr atrás de carros importados. Vejo tatuagens ridículas a esconder os podres. Vejo cultura e simulacro. O espetáculo do deslumbre e pessoas enfeitiçadas em robes de seda. Volto a andar. Entro no metrô e pulo a catraca. Não há mais latidos nem lamentações - apenas o obvio, o esdruxulo, a proparoxítona, o ditongo crescente, a palavra mal feita, o beijo não dado, o estrume do viaduto 9 de Julho, a sujeira da capital, da metrópole. A lembrança da Haddock Lobo e do Bar Brasil. 



Medo de andar, medo da multidão, medo do trio elétrico. Não há mais esperança nem desejo. Nada me cativa, nada me atrai, nada me consome. Vejo duendes em cada jardim. Vejo cachorros famintos, ratos insones e sinto o hálito com a voz suave da mentira. Não há nada mais a ser feito. A fluoxetina corre solta em direção ao rio que não existe. O Tietê me aguarda e eu vou junto. A zona de exclusão, o cinturão verde, o lockdown,  o pobre escritor que procura entender os poetas no Wikipédia. Sigo em frente, passo pelo Paraíso, atravesso a Liberdade e desembarco no Anhangabaú. Vomito no primeiro farol e esquento com as sirenes. Dou risada de mim mesmo. Patético. Corrói a minha alma ter certas lembranças. O silêncio se aproxima. Paredes altas crescem e limitam meu espaço. Corro, grito e entre lápides, decido pensar no amanhã. Creio que a Consolação está próxima e levanto para descer.

 

14 de junio de 2020

O Meu Sentimento Hoje (revisitado)


































O meu sentimento hoje?
Vai bem, obrigado.
Pulando de galho em galho
que nem beija-flor aloprado.
Tal rio sem leito,
confuso, caudaloso e
oscilante.

O meu sentimento hoje?
Vive dengoso, carente e melancólico.
Com vontade de esconder-se
num cantinho escuro, quieto e
tiritante.

O meu sentimento hoje?
Está com medo.
Com um medo que o deixa
paralisado por tanto sofrimento e
estupidez galopante.

O meu sentimento hoje?
Continua inseguro.
Com lágrimas e soluços de menino bonito
postado na janela.
Continua indeciso,
pois não sabe
como terminar o poema
sem ser repetitivo, melodramático e
arrogante.

O meu sentimento hoje?
Pede paz, pede água, pede pão.
Pede um olhar de carinho,
um abraço terno,
dez centavos no bolso,
uma passagem de ida,
um amanhã menos frio, mais justo e
tolerante.



Originalmente escrito na década de 2000, talvez em 2005, durante a Oficina de Escrita do Lasar Segall.

6 de junio de 2020

Los pájaros negros del adiós (revisitado mais de mil vezes - 2009)



Pássaros negros circulam por cima da minha cabeça.
E um deles - após voo rasante - me derruba
no meio do lodo, no meio da lama, no meio do nada.
E agora estou aqui - entre milhares d’almas - 
a pensar no meu fim.

4 de junio de 2020

O Vazio II (versão compacta)


Prefiro o vazio.

Já dizia o torturador.

Sonhar é desprezar o óbvio.

Morro culto e de forma anônima.

Insensatez.

 

Ouço o latido da meia noite.

As buzinas das 7:30.

Horas que nunca terminam.

E o tempo se repete ad aeternum.

Defeito.

 

Poderia concluir de forma sabida.

Repetir frases antigas.

E arrumar milhões de desculpas.

Para cada vítima.

Vergonha.

 

A razão nunca esteve comigo.
Nem dentro de mim.

Quando tudo irá terminar?

Ou seremos todos exterminados?

Paranoia.


23 de mayo de 2020

O Vazio (em tempos de pandemia e bolsonaro)











Prefiro o vazio.
Já dizia o torturador.
Sonhar é desprezar o óbvio.
Ler é fazer algo.
Morro culto mas de forma anônima.
A insensatez.

Ouço o latido da meia noite.
As buzinas das 7:30.
Horas que nunca terminam.
E o tempo se repete ad aeternum.
Defeito.

Permanecemos no nosso quadrado.
Quero interagir.
Mas nada me reconforta.
Nada mais me atrai.
Lembranças ruins.
Erros do passado. 
Contínuo à deriva.

Poderia concluir de forma sabida.
Repetir frases antigas.
Versos congelados.
E arrumar milhões de desculpas.
Para cada vítima.
Vergonha.

A razão nunca esteve comigo.
Nem dentro de mim.
Quando tudo irá terminar?
Ou seremos todos exterminados?
Paranoia.

14 de diciembre de 2019

Like Tears In Rain

                                      I
Aviões são como torres negras que desabam num triz.
Intrépidos e cambaleantes.
Desafiam a gravidade.
Até o sol se pôr.
Seres espaciais assintomáticos e infelizes.
Que corroem por dentro.

Apanharam quando crianças.

Usam a agressividade
e choram
em silêncio.

                                II
Dulcineia megera
Teima em seduzir quem não merece
Corre atrás de cavalheiros de papelão.
E pretendentes mais sábios
perdem por esperar
insípidos e verborrágicos.

Pernas brancas
Pés de porcelana.
Uma carpa enfeita a coxa
em mil cores
e some
somem em triste despedida
como lágrimas
na chuva.

                            III
Aviões são como armas brancas.
Em mãos inábeis.
Cortam, machucam e só.


19 de abril de 2019

Os olhos revelam os meus disfarces.

Tensionava escrever em letras minúsculas. Pequenas.
De imensa dor.

21:54

Sereias brecam o meu caminho.
Impossível desviar.
Pedras que rolam
se partem em mil pedaços.


E como num filme
em obra aberta
o trem sai 
a fumaça se esvai
o personagem principal foge.                               
                                                                                                                                          Corre, pula                                                Conta até dez..........

No seu esconderijo
uma tatuagem
que decorei
  e recito
todo dia
da janela:

2x2
sol a pino
ruas vazias
 morro
forrado de casas
empoeiradas.

Aviões negros não se desprezam
não se brincam
eles te invadem
ao menor descuido
e se alguém parar
- no meio de uma ponte qualquer -
e te der bom dia
faz de conta que é contigo
e segue
segue o teu caminho.

9 de diciembre de 2018

O espelho no escuro

aviões são como pássaros negros 
que te invadem
em segredo
..............são como a vida vista do precipício
de mãos atadas e nariz fungando.......
.
.
.
.
.

entrementes
penso em você
como um ídolo de barro
de afazeres domésticos

destruindo seus dedos
famintos



                                  sinto a pressão nos ouvidos 
cegar
                                  o formigamento dos ossos
seduzir

mas cansei 
de te procurar entre tantas
que não merecem
um poema sequer

de ser um espelho no escuro
.
.
.
.
.
.

volto
às minhas origens

e penso
aqui com os meus botões

se vale a pena
viver

talvez


favor lembrar que sou um ser químico
cheirando mal
um super herói
às avessas
o tipo que faz promessas
de relacionamento sério
que manda 
flores
do campo
entre baratas
baratas doses de vodca. 

18 de noviembre de 2018

Medo de morrer - Miedo de morir

Medo de morrer não tenho não.
Medo tenho é de sofrer.
Porque sofrer mata
e isso dói.

Miedo de morir no tengo no.
Miedo tendo es de sufrir.
Por que sufrir mata.
Y eso duele.




18 de agosto de 2018

O Peruano no Espelho



A qual deles você se refere?
ao meu rosto no espelho, numa segunda de manhã?
ou à imagem vista no vidro escuro de um shopping qualquer?
Tem também o reflexo nas águas de um lago tranquilo, 
serve?
Uma foto colorida, p&b, desfocada e adulterada em 
computador, 
um vídeo no youtube, um negativo.
Em todos esses lugares que apareço, não há nada 
que prove que assim seja realmente.
Enfim, não sei como sou de verdade, nem agora 
nem antes, no recomeço, na ausência.
Apenas tenho uma vaga e efémera ideia. 
E se não consigo saber algo tão simples, 
como você quer que revele os meus segredos?
Só você - o novo e belo - tem as respostas, 
você me vê, 
olha dentro de mim e suga o pouco que resta.

Escrito nos alrededores de 2010 e revisto em 2018.

18 de abril de 2018

Inverno




O inverno chega de forma inesperada.
Tal visita incomoda
daquela que vc deixa uma vassoura atrás da porta.

O frio deixa estar.
O ruim são as ruas vazias
que refletem o cinza
da chuva
esparsa.

Vejo ao longe
uma infância leve
de lágrimas faceis
e um virtuose ao violino.

Corta!

Devaneio.

Derramo vodca preta
no meio das suas nádegas
vc reclama
xinga
e me manda à merda.

Respondo à altura:
paguei pela garrafa
e faço dela aquilo que eu quiser!

(todo militante de esquerda
esconde um troglodita na sua essência).

Finjo que não escuto.
Lavo minhas mãos.
Uma, duas, três vezes.

É um poema por dia.
De longos cabelos escuros.
Sobrancelhas claras
e olhar asiático.

Corta!

Despeito.

O sentimento do desemprego traz discórdia.
Um ditongo crescente, um pássaro irrequieto.
Moveis sendo arrastados.
Vizinhos gritam.
E a janela treme.

A vontade é esconder-me dentro de uma máquina de costura daquelas que minha avó pedalava insistentemente e pedia para colocar a linha na agulha. 

Dores, sinto.
Nossa Sra das Dores.
De aflição, de parto?
Me vê um Chinaski aí.

Na esquina
esbraveja uma puta qualquer.
Resplandece a garota filhinha de papai que finge ainda ser virgem para não perder a sua mesada.

Sabe aquele moleque franzino que fica sentado numa cadeira de canto durante a festa toda?
Querendo dançar, mas tremendo de medo só de pensar?
Afasta o cálice, afasta!
Usa a faca da cozinha.
Faz cortes milimétricos.
Expele o veneno que te faz bem e sofre, sofre em silêncio.

Vendo um coração de aluguel!
Sorry baby. 
Vc se tornou apenas a fotografia de um crachá qualquer. 
Envolta no metrô Bresser 
entre milhões de usuários 
com pressa de fugir de casa, do trabalho, da vida.

20 de enero de 2018

#Lula Poesia em tempos de ditadura do Judiciário

Advogados de negro circulam por cima da minha cabeça
e um deles após voo rasante
me derruba
no meio do lodo, da lama, do nada.


E agora estou aqui - entre milhares d'almas - 
a pensar no meu fim.



14 de enero de 2018

Poema revisitado mais de mil vezes


vivo à procura
de um coração de aluguel
pouco usado
pouco sofrido

a bater apenas na superfície
de ruas vazias
lágrimas fáceis
gritos abafados
sede compulsiva
prometo cuida-lo bem
e esconder
a tentação
o desamor
tal torpe e ingênuo desejo
sob o tapete




represar
o que me deprime
mentir
se for preciso
sentir
a fome de viver
em círculo 
estúpido
vicioso

escrever
sentir
desistir
e meio
sem querer
aninhar os sentimentos - abrir o mar - multiplicar os
pães - viver sem pecado - esquecer a carne.


2 de diciembre de 2017

Brad Pitt

QueriateverNuaCruaPossuída.
BatizadaemsangueOlhostristesBocasurrupiada.
Pensarqueenlouqueciaemseusbraçoscândidos.
Pésdeporcelanabarata.
SeiquebebiDemaisSofriBemmenos.
OcrepitardogeloFundodopoçoVozdeRussianRed.
Marisolentraemcenamedizqueavidacomeçaquandote conheci.LedoEngano.
FelicidadÉumpontodevistaNarcisoEspelho.
EntreumcigarroeoutroQueriadeteverUmpoucoQuase nadaTalvezmenosTalcírculovicioso.
Osanos60sempreforammelhoresMebeijaDeuPraTiAnos 70InvernoVerdesAnos.
Temcoisaspelasquaisoshomenschoram.
Easmulheresnemimaginam.
EassimempoucaspalavrasOpoetaprincipiante
OarremedodeBradPittEncerrasuasatividades 
nodiadehojecestfini.