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15 de junio de 2020

Las Chicas de Miraflores (revisitado)

Lembro como se fosse ontem. Pouco mais de dezesseis anos e sentado no banco de uma praça em Miraflores. Mirava "las chicas" saindo da escola. Todas em lindos uniformes: blusa branca, saia xadrez e sapatos impecáveis (zapatos de charol). Pequenos objetos de desejo separados pelo imenso fosso das classe social. E mesmo sendo de pele branca, elas não teriam olhos para um visível morador da periferia de Lima. 
Talvez se fosse menos tímido, talvez. 
Poderia contar que já era um estudante universitário e que conseguia assistir a filmes para maiores de dezoito. Mas havia tanto desconforto dentro de mim que vivia a mentir sobre as minhas origens, idade e esconder o bairro onde morava. Frequentar a faculdade em idade tão terna era, por um lado, uma proeza e tanto. Por outro, não era fácil conviver com tanta diversidade, machismo e crueza.

Mas aqui entre nós, mudando de assunto, se você me permite, o vazio continua o mesmo. Se há imberbes que pensam que o Exército lhes tornou homens - da minha parte penso que foi o fato de saber observar, 
a distância do país natal e a ausência e/ou saudade - que me fez aquilo que sou hoje.

Soledad y Olvido, era os nomes das duas meninas que pararam e me convidaram a dançar na Paloma de Barcelona. No meio de tantos, elas escolheram por mim. E eu disse NÃO. 
Sou travado - já me disseram. E poderia até concordar se houvesse algo dentro de mim a ser solto, destravado, libertado...
Enfim, não passo de um doente mental. Um ser químico, cheirando mal.


Publicado originalmente em 24/8/13. 


18 de diciembre de 2013

Garabombo, el invisible. Livro do peruano Manuel Scorza é citado por #Dilma em entrevista

Uma das coisas que me arrependo, que lamento mesmo é não ter lido mais. Não ter lido os clássicos. Não ter lidos com mais afinco e interesse os autores peruanos. Aprendi a ler "literatura" já no Brasil e perdi - de certa forma - a oportunidade de conhecer melhor grandes escritores. É óbvio que nada impede que recupere o tempo perdido. Mas talvez fosse alguém diferente (e melhor) se tivesse lido mais e deixado a TV e as revistas em quadrinhos num segundo plano.
De qualquer forma, fiquei feliz que Dilma tenha citado Garabombo numa entrevista hoje de manhã. Não pelo fato de ser um escritor peruano, mas pelo seu significado. Há todo um viés político, um contexto social. Uma denúncia contra a opressão e a injustiça. E isso é muito bom.

Para saber mais sobre Garabombo, el invisible:
http://www.hispanista.com.br/revista/artigo126esp.htm

De como fiquei sabendo da entrevista de Dilma:
https://www.facebook.com/SocialistaMorena/posts/625875527472954



1 de agosto de 2011

Cartas de Cortázar


Todo mundo a falar da Piauí deste mês por causa dos perfis de Ricardo Teixeira e Kassab, mas ninguém a comentar as lindas cartas de Julio Cortázar. Segue um breve exemplo da sua riqueza, mesmo sendo um assunto pra lá de escatológico:


"...A questão é que a sintonia, a concordância, a coincidência lógica não se produz e, depois de um tempinho neste gabinetto, e em todos os outros (pois tenho inspecionado todos), você vê que o buraco funcional rutila e resplandece, enquanto ao redor, nas bordas, no teto, nas paredes, contra a porta e fora da porta, levanta-se toda gama de colorações nacionais e dietéticas, as pirâmides exalantes e probatórias da triste condição humana..."


http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-58/cartas-julio-cortazar/misteriosa-entrega-e-mudanca-de-si-mesmo