23 de noviembre de 2006

Rosas são rosas, com espinhos ou não.

Logo cedo, indo pro trabalho, encontrei na esquina de uma praça meio abandonada, um ramalhete de rosas vermelhas. Ainda frescas, ainda viçosas, ainda belas. Não deve ter sido a primeira vez que rosas assim amanheceram ao relento. Mas foi a primeira vez que reparei nelas. Perguntas e mais perguntas. Quem as deixou? A resposta mais óbvia é a de que se trata de um despacho ou algo parecido. Uma oferenda aos Deuses do Candomblé, aos Orixás. E se estiver acompanhado de um prato de comida e uma garrafa de pinga, é isso mesmo. Mas não custa viajar na imaginação. E pensar que as rosas são de um amante agradecido, de um marido arrependido, de um adolescente apaixonado. Que por um motivo ou outro deixou-as abandonadas ou jogadas, melhor dizendo (Lembrei de um amigo que jogou fora duas dúzias de flores do campo no cesto de lixo de um supermercado por que ficou com medo de passar ridículo quando encontrasse o seu amor não correspondido). Pois bem, talvez o amante agradecido tenha visto o marido da sua amada chegar em casa antes da hora e ele teve que disfarçar e esconder as rosas rapidamente. Talvez o marido arrependido tenha sido escorraçado de casa pela mulher traída. E entre carregar as flores e a mala cheia de calças sujas, camisas amarrotadas, gravatas e sapatos, optou é claro pelas roupas. Ou quem sabe, o adolescente inexperiente e cego de tanta paixão, não tenha percebido que a menina já estava em outra e que não ligava mais pra ele, pois nessa fase da vida, as meninas querem pular de galho em galho sem qualquer compromisso. E ele desiludido e cheio de dor no peito, largou as rosas ao lado de um árvore qualquer. Triste fim para tão lindas flores. Algo que no início prometia trazer felicidade, provocar um suspiro ou despertar a libido, acabou indo parar nas minhas mãos. Mas rosas são rosas mesmo com espinhos ou não. E uma mulher irá sorrir quando chegar ao meu destino.